Fim dos festejos de virada de ano. E o Papai Noel, desta feita, nos deixou um presentinho bem mixuruca. Um crescimento do PIB – Produto Interno Bruto que ficará somente em torno do 1%, de acordo com os analistas. É o tipo da lembrancinha indigesta, que chega para chamar a atenção de que algo não caminha como se deve. O país, comparado aos seus pares no chamado BRICS, ou seja, mais Rússia, Índia, China e África do Sul, os considerados ‘emergentes’, ficou na rabeira com o pior desempenho. O grupo como um todo deve ter um crescimento em torno de 6% em 2012. Dados oficiais sairão em mais algumas semanas. Esperar para conferir.
É verdade que a economia internacional não ajuda muito. Conforme a OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, para os próximos dois anos a recuperação global é hesitante e desigual, com perigo rondando a todos. EUA, Japão e Europa não conseguiram ainda estabilidade necessária. A China lidera a expansão com algo em torno dos 6,5%, abaixo de suas performances habituais, acompanhada da Índia. Aliás, para estudiosos britânicos, com bases em perspectivas, calcula-se que a China deverá crescer algo em torno de 136% nos próximos 10 anos, aproximando-se muito da primeira posição exercida pelos EUA. Outras boas atuações são esperadas de Índia e Rússia, com o Brasil marcando uma evolução menor, em torno de 92% ao longo da década. Salvo surpresas, claro, para pior ou para melhor. Mas, ano passado, ficamos aquém do possível no cenário existente. E isso é ameaçador.
Além do PIB raquítico, a inflação pressiona a meta prevista e essa alta dos preços, sem contrapartida do aumento da produção, coloca em risco os ganhos sociais que não foram poucos até aqui e urgem continuar. Apenas para lembrar: de 2011 para 2012 arenda individual média da população de 15 a60 anos subiu 4,89% contra uma taxa média de 4,35% entre 2003 e 2011. Adesigualdade de renda domiciliar per capita, caiu, em2012, a uma velocidade 40,5% maior do que entre 2003 e 2011. E as rendas que mais cresceram foram as dos mais pobres (IPEA/PNAD). A taxa de desemprego também se manteve baixa. Dados positivos, sem dúvida. Portanto, alerta, é preciso oxigenação a fim de sustentar a caminhada.
O investimento carece progredir e parcerias, entre governo e setor privado, se acentuar. Há um clima de desconfiança da parte empresarial nas ações do Planalto, interpretadas como excesso de intervencionismo, gerando dúvidas e, por conseguinte, freio no empenho à aceleração. O governo reduziu juros, promete descontos em impostos e gastos controlados para o necessário. O que acontecerá?
É urgente, enfim, uma melhor sintonia entre as duas esferas, esforços em comum para desbloqueio de iniciativas evitando, desta maneira, indesejáveis regressões. Há muito ainda a se realizar neste Brasil. Sem duvidas, todo cuidado é pouco: 2013 não pode ser desperdiçado.
São Paulo, 04 de Janeiro de 2013
Prof. José de Almeida Amaral Júnior
Professor universitário em Ciências Sociais; Economista, pós-graduado em Sociologia e mestre em Políticas de Educação; Colunista do Jornal Mundo Lusíada On Line, do Jornal Cantareira e da Rádio 9 de Julho AM 1600 Khz de São Paulo.