Da Redação
Com Lusa
A Federação Internacional de Arquivos de Cinema (FIAF) manifestou “grande preocupação” com os danos causados pelas chuvas nas coleções da Cinemateca do Brasil, em São Paulo, e com a falta de financiamento à instituição, nos últimos anos.
Sem esquecer outras instituições do patrimônio audiovisual que sofreram cortes com o governo brasileiro, a FIAF sublinha que instituições como a Cinemateca do Brasil só conseguem cumprir a função de reunir, proteger e partilhar a herança cinematográfica, que “é incrivelmente rica“, se lhes for permitido operar num ambiente estável e favorável.
“Os profissionais altamente qualificados que trabalham para essas instituições — arquivistas, técnicos, educadores, curadores e administradores — são os verdadeiros guardiões dessa herança única (…) mantêm viva a memória da nação brasileira e de suas diversas comunidades e, como tal, seu trabalho deve ser reconhecido e valorizado”, lê-se numa nota da Federação.
“Quaisquer medidas que diminuam o financiamento da Cinemateca ou que a sujeitem a instabilidade política ou administrativa não reconhecem a natureza de longo prazo de seu trabalho”, prossegue a mensagem da FIAF, que acrescenta: “Prejudicar a Cinemateca constitui uma ameaça direta sobre o patrimônio cultural além de que priva as futuras gerações de brasileiros de se ligarem ao país, ao seu passado cultural e artístico”.
Como membro da FIAF desde 1948, a Cinemateca Brasileira faz parte de uma comunidade global de 169 instituições sem fins lucrativos, líderes em 75 países em todo o mundo, todas fortemente dedicadas à preservação e celebração do patrimônio mundial do cinema.
“Estamos com firmeza com nossos colegas em São Paulo e instamos o público brasileiro e os funcionários e os decisores do país a garantir que essa instituição, altamente respeitada, possa continuar a operar de forma profissional e imparcial, no seu espírito de missão”, conclui a FIAF.
Nos passados dias 09 e 10 de fevereiro, a cidade de S. Paulo, a mais populosa do Brasil, registou o maior volume de chuva para o mês de fevereiro dos últimos 37 anos, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
A tempestade que fustigou São Paulo paralisou praticamente os transportes, inundou as principais estradas e colapsou o tráfego de veículos.
As chuvas provocaram também deslizamentos de terras, inundações, quedas de árvores, suspensão do serviço de algumas das linhas de elétrico.