Fãs emocionados em velório de Roberto Leal viam cantor como símbolo da família

Roberto Leal na Casa de Portugal do Grande ABC. Foto Mundo Lusíada

Da Redação com Lusa

O velório do cantor português Roberto Leal, que morreu no domingo, vítima de câncer, emocionou centenas de fãs nesta segunda-feira, que se despediram do artista na Casa de Portugal, no centro de São Paulo.

O músico foi velado na Casa de Portugal e seguiu para sepultamento no cemitério de Congonhas, também em São Paulo, em carro do Corpo de Bombeiros.

No velório, os fãs cantaram músicas consagradas do artista, carregavam discos e retratos, numa última homenagem, que contou também com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, do cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Nascimento, do deputado José Cesário e de membros do conselho e da comunidade luso-brasileira.

“Conheço a música do Roberto Leal desde pequena porque sou filha de portugueses. Todas as festas tinham música de Roberto Leal. De um artista, o único velório que eu vim [pessoalmente] foi no dele. Eu e a minha família estamos sentindo muito a morte dele”, explicou Cátia Rosa.

A lusodescendente, de 47 anos, contou que nas festas de família eram tocadas e dançava-se ao som das músicas de Roberto Leal.

“Ele era uma pessoa humilde, que cantava a alegria de Portugal e nossa família falava de Portugal, [um país] que conhecemos também pelas músicas dele. Meu pai, minha avó de 100 anos que está aqui também [no velório] relembravam sua terra natal através das músicas dele”, completou.

Para a luso-brasileira, Roberto Leal significava o amor entre os dois países.

“Ele significava o amor entre o Brasil e Portugal. Daquele povo sofrido que veio para o Brasil na época do [António de Oliveira] Salazar, naquela época em que havia ditadura em Portugal. Meu pai veio para o Brasil por causa disto e [para mim] o Leal lembra esta união do Brasil e Portugal”, afirmou.

Alberto Faustino Aires, de 42 anos, também lamentou a morte do cantor, frisando que ele fazia parte de sua história familiar.

“Ele [Leal] faz um pouco da nossa história. Meus pais são portugueses, minha família toda na verdade é [de Portugal]”, afirmou, acrescentando que a comunidade portuguesa “é muito forte no Brasil também por causa dele”.

Para Julieta Maria Jan Jacomo, de 65 anos, que começou a acompanhar a carreira artística de Roberto Leal aos 17 anos, “o Brasil perdeu um ídolo” : “Estamos muito tristes. O Brasil inteiro parou”.

“Fiquei chocada [com a morte dele], chorei tanto ontem. Estava meio gripada, chorando. Foi horrível. Vim ao velório para dar um carinho para ele. Ele era muito importante para a comunidade portuguesa”, notou.

Paulo Machado, vice-presidente da Casa de Portugal de São Paulo, considerou que Roberto Leal era um dos artistas que fizeram parte da história da comunidade e daquele espaço.

“A Casa de Portugal e a comunidade hoje, obviamente, está de luto porque perde um dos seus maiores símbolos e a pessoa de maior eminência dos portugueses no Brasil. O Roberto Leal teve uma história intimamente ligada à história da Casa de Portugal, principalmente a partir de 1962, quando começou a sua carreira, que no auge do seu sucesso nunca esqueceu a Casa de Portugal”, explicou.

O dirigente da Casa de Portugal frisou que “não só a comunidade luso-brasileira, mas também o grande público brasileiro do Roberto Leal identificou a alegria da forma de ser e de estar do Roberto Leal”.

O cantor “era alguém que sempre soube dignificar a presença portuguesa no Brasil e sem dúvida nenhuma [sua morte] é uma perda irreparável para a música portuguesa no Brasil”, vincou Paulo Machado, concluindo que “a comunidade perdeu um grande amigo”.

 

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