Ainda outro dia tivemos um grupo que se diz estudantes, ocupando um prédio da Universidade de São Paulo, protestando contra a presença da Polícia Militar, no campus. Depois da desocupação, constatou-se que parte do patrimônio havia sido depredada, provocando prejuízos à Universidade e, consequentemente, ao patrimônio público.
Como é de conhecimento de toda sociedade, o protesto aconteceu depois que policiais detiveram três rapazes que estariam usando drogas, e uma minoria decidiu que a Polícia Militar não poderia estar atuando no campus. No entanto, meses atrás, ocorreu exatamente o contrário, quando, depois de uma tentativa de assalto, um aluno foi morto nas dependências da Universidade. Na ocasião, muito foi falado sobre a necessidade da presença da PM no recinto estudantil.
É evidente que houve, também, manifestações contrárias, sempre partindo de pessoas que citavam fatos ocorridos durante o regime militar. No entanto, devemos destacar que a nossa situação, hoje, nada tem a ver com o que ocorreu naquele período.
Citei o fato para mostrar o contraste. Enquanto um segmento da sociedade joga fora as oportunidades, em outro, existe o esforço e a busca por ideais, com pés no chão e ousadia. Enquanto na própria USP, professores, alunos e funcionários se dedicam à pesquisa, ao ensino, ao profissionalismo, uma pequena parcela tudo faz para manchar o nome da Instituição.
Tempo e dinheiro são desperdiçados, sem piedade. Estamos investindo no ensino superior, mantendo em escolas públicas pessoas que não têm o mínimo respeito pelo que a sociedade lhes oferece, gratuitamente. É válido o direito de protestar. No entanto, invadir, destruir o patrimônio público, ignorar o direito dos que querem estudar, produzir, é irresponsabilidade, é ditadura. E não estamos em tempos de ditadura.
E dentre esses contrastes, felizmente vemos exemplos como o SENAI, que acaba de conquistar prêmio de excelência no exterior, como reconhecimento do trabalho sério e competente na profissionalização de jovens. Outros exemplos acontecem nas FATECs e na Fundação Paula Souza. Os investimentos do Governo, nessas instituições, mostram que estamos no caminho certo e que, em breve, a nossa carência por mão de obra especializada poderá chegar ao fim.
Não se pode retirar das pessoas o sagrado direito de se manifestar. No entanto precisamos estar atentos ao que pode estar por trás dessas manifestações, como a que ocorreu na USP. É esta a bandeira que devemos carregar, e nunca os falsos estandartes de interesses que tentam mascarar, esconder a ilegalidade contida em alguns desses tais “protestos”.
Vitor Sapienza
Deputado estadual (PPS), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, economista e agente fiscal de rendas aposentado.