Da Redação
O fadista Carlos do Carmo morreu neste dia 01, aos 81 anos no hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse o filho Alfredo do Carmo à Lusa.
Nascido em Lisboa, em 21 de dezembro de 1939, Carlos do Carmo era filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998) e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, onde começou a cantar, até iniciar a carreira artística em 1964.
Vencedor do Grammy Latino de Carreira, que recebeu em 2014, o seu percurso passou pelos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, do ‘Canecão’, no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres.
Despediu-se dos palcos no passado dia 09 de novembro de 2019, com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
PR: “grande figura da cultura” e “grande homem”
O Presidente reagiu com um sentimento “de perda” à notícia da morte do fadista, que recordou como “uma grande figura da cultura” e também como “um grande homem”.
Em declarações à RTP, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter recebido esta notícia com uma reação idêntica “à de todos os portugueses”, “uma reação de perda”.
“Perda por aquilo que Carlos do Carmo fez pela consagração do fado como património imaterial da Humanidade, mas também pelo que deu como voz de Portugal cá dentro e lá fora junto das comunidades portuguesas, prestigiando não apenas o fado, mas a nossa cultura”, destacou.
O chefe de Estado realçou ainda que Carlos do Carmo foi “uma voz” na luta pela liberdade nos tempos da ditadura e na transição para a democracia.
“Por detrás de uma grande figura da cultura estava um grande homem, com uma grande riqueza pessoal, uma sensibilidade e uma intuição e identificação com o povo português que o povo português não esquece”, acrescentou.
O Presidente da República considerou que a morte de Carlos do Carmo, no primeiro dia de 2021, “um dia que devia ser de esperança”, não pode ser encarada “com desesperança”, mas como uma homenagem a alguém que “nunca perdia a esperança”.
Também o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, manifestou o seu pesar pela morte de Carlos do Carmo, que recordou como “um nome ímpar” do fado e como “figura relevante” na luta pela liberdade.
Numa mensagem de pesar, a segunda figura do Estado recordou também um “amigo de mais de 60 anos” e a personalidade marcante de Carlos do Carmo, “que não deixava indiferente quem com ele convivia”.
“Carlos do Carmo é, inquestionavelmente, um nome ímpar do fado e figura incontornável do meio artístico e da canção portuguesa, numa carreira de décadas que perdurará na memória de todos nós”, refere.
O presidente da Assembleia da República destacou o seu papel relevante “na luta pela Liberdade e na construção do país de Abril, em que tanto se empenhou”.
“Hoje é um dia de grande tristeza pessoal. À família, nomeadamente à mulher Judite e aos filhos e netos, e aos muitos amigos, quero transmitir, em meu nome e em nome da Assembleia da República, a expressão do mais sentido pesar pelo falecimento de Carlos do Carmo”, refere a nota.
O Governo decretou um dia de luto nacional para segunda-feira, pela morte do fadista.
O Governo propôs ainda ao Presidente da República a atribuição da Ordem da Liberdade, a título póstumo, “pelo determinante papel que Carlos do Carmo teve na renovação do fado, atribuição que, de resto, já estava prevista”.