Fado no Brasil: Os cronistas dos bastidores da noite II

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Vander Pratt

MONTERRI

Não conseguimos localizar maiores detalhes sobre este cronista. Seu verdadeiro sobrenome era Monteiro, daí vindo seu pseudônimo “Monterri”. Faleceu muito jovem em meados da década de 1970.

Durante quinze anos assinou a seção Roteiro Noturno do Diário da Noite. Apreciador da boa música, sempre abriu amplo espaço para os artistas portugueses.

Em seu Roteiro Noturno de 2/1/1963, Monterri escreveu uma mensagem de Ano Novo para seus leitores, intitulada Acontece dentro da noite.

“Sempre foi nossa grande preocupação em dar aos que acompanham pela leitura desta coluna, um roteiro certo e completo das novidades, tanto nas boates, como nos bares e restaurantes. Não sabemos se conseguimos o nosso intuito, informar bem, mas temos a certeza de que neste ano, que ontem se iniciou, iremos nos redobrar, procurando melhor informar e muitas das vezes satisfazer a curiosidade dos leitores. Nossa missão, sabemos, é das mais difíceis e complexas, mas, mesmo assim, das mais agradáveis para nós, pois realmente somos, um dos mais boêmios de Piratininga. (…) Feliz 1963”.

 

 

VANDER PRATT

Era o pseudônimo de Vander Prado, nascido aos 24 de março de 1924, em Itaí, no Vale do Paranapanema, interior paulista. Foram seus pais, Aristides Valter Prado e Olívia de Almeida Prado. Fez seus estudos nas cidades de Avaré, Araçatuba e Itapetininga. Foi um homem culto e apreciador da boa música.

Vander escrevia às terças, sextas e sábados a página Roteiros da Pauliceia na Folha de S. Paulo. Tornou-se uma das figuras mais populares da noite paulistana. Seus leitores habituaram-se as suas dicas do que seguia pelas terras de Piratininga com o estilo inconfundível do jornalista e professor paulista. Trabalhou na Folha de S. Paulo de 1965 a 1984, ocupando diversos cargos.

Roteiros da Pauliceia teve duração de 1965 a 1977. Em seguida, de 1977 a 84, Pratt colaborou com o Caderno de Turismo do mesmo periódico. Teve a oportunidade de viajar por 27

países, sempre trazendo curiosidades e dicas turísticas para os leitores sobre os locais visitados. O país que mais gostou de visitar foi Portugal.

Vander Pratt iniciou suas atividades jornalísticas nos Diários Associados, em 1952, exercendo várias funções. Anteriormente já havia colaborado com pequenos jornais do interior de São Paulo. Também lecionou por vários anos no “Colégio São Paulo” e nos ginásios “Caetano de Campos”, “Maria José” e “Castro Alves”.

É Vander quem nos conta um pouco mais sobre sua experiência como cronista noturno*.

“O Egas Muniz foi meu mestre nas noites paulistanas. O conheci por volta de 1956, quando era revisor no jornal ‘Shopping News’. Ele já tinha cabelos brancos. Durante um ano revisei suas matérias. Depois meus afazeres fizeram-me perder o ‘Comendador’ de vista durante alguns anos. Só em 1964 voltamos a nos encontrar no restaurante ‘Parreirinha’. Eu iniciava-me na crônica noturna. Daí para frente, Egas foi meu incentivador. Um homem de espírito atilado, cuja experiência norteou as minhas mensagens e me mostrou sempre o lado belo das coisas. Na madrugada nos encontrávamos no ‘Sand-Churra’, no subsolo da Galeria Metrópole, ou no ‘Champanhota’. Tomávamos a nossa dose de whisky costumeiro e trocávamos impressões sobre as boates e os artistas. Às vezes percorríamos vários endereços ou ficávamos num só.

Eu costumava sair de casa por volta das 22h30 ou 23 horas. Morava numa casa, com minha esposa e meu filho, na Vila Mariana, e seguia a pé até o Paraíso, neste percurso visitava uma ou outra casa. Já na Av. Paulista tomava um ônibus até a Rua Augusta e descia em direção ao centro, visitando os endereço noturnos até a Praça da República”.

Após deixar a Folha de S. Paulo, junto com o colega Horácio Neves, resolveram criar um jornal dedicado somente ao turismo, e assim nasceu o Brasilturis.

Em 2004, Vander passou a perder a visão progressivamente e deixou de escrever. Vivia tranquilamente ao lado da sua esposa, Dª. Vicentina Prado. O professor e jornalista faleceu, em São Paulo, em 2012.

 

Por Thais Matarazzo
Trecho do livro “O Fado nas Noites Paulistanas…” (2015), de Thais Matarazzo, Editora Matarazzo (São Paulo-SP).
*Entrevista realizada com Vander Pratt por Thais Matarazzo, em 2007, em São Paulo.

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