Expressão “país irmão” é ultrapassada, diz secretario de Estado do Turismo

Secretário de turismo espera complementar a economia pujante brasileira com a experiência secular de Portugal.

 

Mundo Lusíada

SecretarioTurismoAdolfoNunes

No âmbito do Ano de Portugal no Brasil, a LIDE (Grupo de Líderes Empresariais) em parceria com o Espírito Santo Investment Bank – BESI, promoveu um encontro de empresários em São Paulo.

Em representação ao ministro Paulo Portas, o Secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes falou sobre a incrementação das relações bilaterais entre Brasil e Portugal na área do turismo. “O turismo de brasileiros em Portugal tem crescido mais, e o turismo em Portugal é das áreas que mais tem crescido, todos os anos recebemos mais turistas”.

Em seu discurso, enfatizou o futuro e não o passado na relação de país irmão. “Nós não escolhemos os nossos irmãos, e é por isso que essa expressão ‘país-irmão’ acho ultrapassada. Quando falamos de futuro, essa coisa de país irmão diz pouco. Outra coisa dita é que são país-irmão separados pelo Atlântico. Se há alguma coisa que o Atlântico nos faz não é nos separar, é nos unir. Portugal está finalmente a aproveitar as potencialidades do mar, tem um curso extraordinário do ponto de vista de investigação e turismo. Por isso também não embarco nessa conversa, porque somos unidos pelo Atlântico. Juntos somos muitos, cada vez que um português diz a um brasileiro que juntos somos muitos, o brasileiro ri, porque os brasileiros são muitos mesmo sem os portugueses. Portanto não é por aí que a nossa história de futuro se faz”.

E continuou o secretário abordando também sobre a expressão da lusofonia, muito utilizada em Portugal e seguiu contestando: “A lusofonia é uma condição de partida, aquilo que somos e que fomos. Não diz muito sobre o futuro se não for bem utilizado”.

Para o secretário, Portugal é a porta aberta do Brasil para a Europa, mas não é bem assim também, ele contestou também: “Mas quando nós compramos uma casa, a última coisa que nos importa é a porta, ela só serve para entrar e para sair. Numa casa, o importante é o sofá, o quarto, a cama. Por isso se Portugal quiser ser alguma coisa do Brasil, espero que seja muito mais do que uma porta, por isso também não vou usar a expressão ‘Portugal é a porta de entrada do Brasil’”.

Adolfo citou porém que Portugal e Brasil são complementares. “A economia brasileira é pujante, tem escala e dimensão, e por isso durante décadas conseguiu trabalhar dentro das suas fronteiras, conseguiu criar aqui seu espaço. O português não tem espaço, e portanto, foi arranjar espaço lá fora. Misturou-se, integrou-se, somos comerciantes natos, falamos todas as línguas que nos pedem para falar, fazemos negócios nas sociedades em que estamos, arranjamos forma de conseguir sucesso. Se algo pode surgir daqui é essa complementaridade entre uma economia pujante brasileira, começando a solidificar sua internacionalização, e essa experiência secular de Portugal, de fazer negócios com as maiores economias do mundo, de forma sólida e sustentada”.

Portugal é um país “sexy”

Citando uma expressão que ouviu no Brasil, Adolfo Mesquita afirmou que Portugal pode ser um país “sexy” para estar, trabalhar e investir. Começou defendendo a localização estratégica, no ocidente uma ponte transatlântica com as Américas, no sul com a África, no oriente norte, uma porta de entrada para o mercado europeu. Segundo ele, Portugal está sabendo tirar vantagem dessa localização, com custos operacionais competitivos na Europa, terceira maior energia verde no continente, uma rede de telecomunicações moderna, além de relações históricas privilegiadas com os países de língua oficial portuguesa, e não só. Essas relações, segundo ele, permite trabalhar para juntar o mercado comum europeu, de 500 mil pessoas, com o mercado lusófono crescente de 250 milhões.

Turismo

O turismo representa 9,5% do PIB de Portugal, país que recebe 14 milhões de turistas, tendo 10 milhões de habitantes. “Estes números, e a resistência notada do setor à crise, justificam a nossa esperança para que o turismo possa dar um contributo fundamental na recuperação econômica no país”.

Portugal aparece na 20ª posição no ranking mundial da competitividade turística, à frente de países como Itália, Turquia ou Tailândia. “Somos longe de ser o único país com um bom clima, uma boa gastronomia, uma paisagem esplendorosa, com cultura e patrimônio, com cidades cosmopolitas, com arquitetura premiada. Nem somos os únicos com essas características dentro de uma área relativamente pequena. O que nos permite ter o sucesso que temos, mesmo não tendo escala que outros países com os quais competimos, é o fato de termos conseguido, em poucas décadas, transformar vantagens dispersas num destino turístico estruturado, diversificado e reconhecido pela sua qualidade”.

Segundo Adolfo Mesquita, essa foi a forma de Portugal explorar as suas potencialidades no mercado do turismo que é global, sendo que muitas empresas na área foram obrigadas a se desenvolverem nos recursos humanos e capacitarem-se para expandir as suas atividades, além fronteiras.

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1 comentário em “Expressão “país irmão” é ultrapassada, diz secretario de Estado do Turismo”

  1. Memórias: Portugal tem assistido a um fluxo constante de diferentes civilizações ao longo dos últimos 3.100 anos. Tartesos, celtas, fenícios, cartagineses, gregos, romanos, germânicos (suevos e visigodos), muçulmanos, judeus e outros povos deixaram suas marcas na cultura, história, língua e etnia. Durante os séculos XV e XVI, Portugal foi uma grande potência econômica, o património social e cultural, e um império que se estendia do Brasil para as Índias Orientais.

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