Da Redação
Com Lusa
As exportações do setor metalúrgico e metalomecânico aumentaram 11,3% para 18.334 milhões de euros, em 2018 face a 2017, atingindo “a melhor marca de sempre”, segundo associação setorial.
“Se o ano anterior já tinha sido o melhor de sempre, este ano pulverizou todas as expectativas”, afirmou o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) em declarações à agência Lusa.
Segundo Rafael Campos Pereira, este desempenho “não é um fogacho”, mas o resultado de “um trabalho consistente que tem vindo a ser feito ao longo dos últimos anos pelas empresas do setor, que investiram fortemente em qualidade, fatores de diferenciação, inovação e formação dos recursos humanos, posicionando-se junto de empresas de referência e nos mercados mais exigentes”.
“Trabalhamos neste momento para um conjunto diversificado de setores, desde a indústria ferroviária, automóvel, aeroespacial e química até à própria indústria metalomecânica europeia, e também para o consumo e distribuição, nalguns dos nossos subsetores”, destacou.
“Tem sido uma evolução consistente e muito particularmente nos mercados mais importantes e de maior valor acrescentado, designadamente Alemanha, Espanha, França e Reino Unido”, acrescentou.
Segundo os dados da AIMMAP, para o crescimento registado em 2018 em “muito contribuíram” as exportações do mês de dezembro, que registaram um crescimento homólogo de 20,5%, para 1.418 milhões de euros.
“Foi o melhor mês de dezembro da história desta indústria, o que contribuiu para se ter atingido a marca de 28 meses consecutivos a suplantar os mil milhões de euros em exportações”, destaca.
Responsável por cerca de 18% do Produto Interno Bruto (PIB) português, o setor teve em Espanha, Alemanha e França os seus três principais mercados, onde manteve um “elevado crescimento”, sendo que “mesmo o Reino Unido continuou a evoluir positivamente, resistindo à incerteza quanto ao ‘Brexit’”, nota a AIMMAP.
Rafael Campos Pereira enfatiza ainda o “extraordinário crescimento” no mercado Italiano, que subiu mais de 70% face ao ano anterior e ocupa agora o quinto lugar do ‘ranking’ dos principais mercados.
Adicionalmente, salienta o “bom desempenho” do mercado americano, onde diz ter sido “possível fazer face às políticas restritivas da administração norte-americana e às consequências da guerra comercial com a China”, mantendo um crescimento quase residual, mas sem cair, consolidando.
Abrangendo desde as cutelarias à loiça, máquinas e equipamento de transporte automóvel e aeronáutico, a indústria da metalurgia e metalomecânica é, segundo nota a AIMMAP, um setor “mais exposto às flutuações dos mercados internacionais”, devido ao seu “elevado grau de internacionalização”.
Neste contexto, “a diversificação de mercados é a estratégia segura para minimizar os riscos da dependência de um número reduzido de mercados”, pelo que a atual estratégia de internacionalização promovida pela associação se propõe “consolidar a presença em alguns mercados e conquistar uma posição relevante em novos mercados”.
“Este programa de internacionalização vai contribuir para melhorar o posicionamento global do METAL PORTUGAL e para elevar a percepção de qualidade e inovação deste setor num mundo cada vez mais global e competitivo”, refere, adiantando que “pretende-se valorizar internacionalmente as empresas e a oferta nacional e demonstrar a tecnologia avançada em Portugal, posicionando as empresas do METAL PORTUGAL no mapa de fornecedores mundiais qualificados de importantes indústrias e ‘clusters’”.
Segundo o vice-presidente da AIMMAP, as perspetivas para 2019 são, por isso, de manutenção do crescimento, sendo para tal importante que “se mantenham as atuais políticas do Banco Central Europeu, com taxas de juro baixas e alguma estabilidade”, e também que uma aposta na qualidade, inovação e diferenciação, designadamente por via da digitalização, “compense a desaceleração da economia”.
“Temos que ter uma agenda forte na área da digitalização, é importante que as nossas empresas continuem a acrescentar ainda mais valor à sua oferta e, nesse sentido, é muito importante que o Governo invista na digitalização e estimule as empresas nessa área. Não para a redução de postos de trabalho, mas para aumentar os perfis profissionais com maior substância e densidade tecnológica e, logo, com salários mais altos”, sustentou Rafael Campos Pereira.
Em termos de mercados, a AIMMAP pretende manter o foco nos atuais maiores clientes – Alemanha, França e Espanha –, mas o dirigente associativo avisa as empresas que “vão ter também que começar a apostar noutros mercados onde, nos últimos anos, o setor não cresceu, como é o caso do Brasil ou da China”.