Da Redação com Lusa
As experiências turísticas em lugares sagrados desencadeiam “sentimentos de êxtase, de vivenciamento de uma experiência única na vida”, na maioria dos turistas, concluiu um estudo de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), hoje divulgado.
Com o objetivo de contribuir para o conhecimento das experiências turísticas em lugares sagrados, uma equipa de investigadores usou como caso de estudo o Santuário de Fátima e constatou que a forte ligação ao lugar e a experiência memorável são duas das dimensões marcantes da visita a este local do Centro de Portugal.
“As experiências turísticas em lugares sagrados são diferentes de outras experiências, porque trazem à maioria dos turistas sentimentos de êxtase, de vivenciamento de uma experiência única na vida, ao mesmo tempo libertadora e revitalizante, percecionando a visita como importante e com grande significado pessoal”, explicou a docente da Faculdade de Letras da UC Cláudia Seabra.
A também investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território da UC lembrou que, “atualmente, as peregrinações e a visita a locais sagrados movimentam milhares de pessoas em todo o mundo”.
“Em Portugal, as peregrinações a Fátima e o Caminho Português de Santiago são exemplos de peregrinações incontornáveis que atraem milhares de portugueses e turistas estrangeiros que vêm ao nosso país em busca de experiências memoráveis e únicas todos os anos. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa é um outro exemplo paradigmático”, sublinhou.
Segundo Cláudia Seabra, o estudo permitiu mostrar que “estes lugares revelam ter um valor único e insubstituível e, muito provavelmente, quem os visita vai querer revisitar”.
“O entendimento das experiências turísticas em lugares sagrados é essencial para a gestão destes lugares”, defendeu.
A investigadora explicou que “o turismo religioso é um segmento direcionado para pessoas cuja motivação para a visita é a fé, a busca da espiritualidade, a prática religiosa e a busca por experiências espirituais”.
“É apontado como uma das mais antigas formas de fazer turismo: já nas primeiras civilizações, as peregrinações a lugares religiosos movimentavam um grande número de pessoas em busca de espiritualidade e de fé”, lembrou.
Entre as recomendações apontadas neste estudo, Cláudia Seabra destacou que “as organizações públicas e privadas devem ser capazes de criar experiências que promovam o envolvimento na visita e a realização de atividades, assim como a proximidade com as comunidades locais”.
Dando como exemplo a JMJ, Cláudia Seabra disse que “o aspeto mais referenciado e valorizado pelos visitantes foi a proximidade e o envolvimento que tiveram com os residentes, o que deu lugar a uma experiência cultural mais imersiva, mais marcante”.
“Estando nós num país considerado tão hospitaleiro, esta dimensão deve ser sempre valorizada. Para além de que os próprios residentes aceitam melhor e ganham também com o turismo”, realçou.
O estudo contou com a participação dos investigadores do Instituto Politécnico de Viseu Carla Silva, José Luís Abrantes e Manuel Reis.