Da Redação com Lusa
O Governo português vai rever a avaliação externa nos 1.º e 2.º ciclos na expectativa de melhorar o diagnóstico das aprendizagens, revelou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, que vê nos ‘rankings’ pistas para os problemas das escolas.
“Vamos fazer alterações na avaliação externa, nomeadamente no ensino básico, e acreditamos que com essas melhorias na avaliação externa, os ‘rankings’, por associação, também se tornarão mais úteis”, disse Alexandre Homem Cristo em entrevista à agência Lusa, a propósito da divulgação dos ‘rankings’ das escolas.
As alterações, contempladas no Programa do Governo e que deverão ser anunciadas até ao final de julho, incidem sobre os 1.º e 2.º ciclos e preveem a substituição das atuais provas de aferição por provas de aferição universais e obrigatórias a Português, Matemática e uma disciplina rotativa a cada três anos nos 4.º e 6.º anos.
“Vamos trabalhar ao máximo, dentro das limitações que existem na natureza das provas, para que a comparabilidade seja, tanto quanto possível, mais robusta para que as orientações que depois possamos ter a partir dos resultados sejam também mais precisas e mais acutilantes para percebermos onde é que temos problemas e podemos intervir”, antecipou.
A propósito dos ‘rankings’ das escolas, divulgados hoje, Alexandre Homem Cristo não desvalorizou as listagens e, admitindo que têm limitações, considerou que “um mecanismo de transparência de divulgação dos resultados deve ser sempre visto como uma mais-valia”.
No entender do secretário de Estado, os ‘rankings’ têm o potencial de revelar “pistas para perguntas” sobre como melhorar as aprendizagens e o trabalho das escolas e os dados de contexto permitem melhorar essa avaliação e “comparar o que é comparável”.
Além do indicador de equidade, introduzido pelo anterior executivo e que acompanha os alunos carenciados ao longo de cada ciclo olhando para quantos conseguiram conclui-lo no tempo esperado, este ano o Ministério da Educação, Ciência e Inovação divulgou também dados sobre alunos estrangeiros e sobre as escolas inseridas em territórios educativos de intervenção prioritária (TEIP).
“Todos esses indicadores são importantes, não só para diagnosticar problemas mas também para não cairmos em falsos diagnósticos de problemas”, sublinhou o governante.
Alexandre Homem Cristo alertou também para a necessidade de “saber ler” os ‘rankings’ e questionado sobre a pertinência de comparar, por exemplo, os resultados dos exames nacionais do ensino secundário de ano para ano, quando as provas são sempre diferentes, explicou que o objetivo é sempre manter um nível de dificuldade semelhante, mas “a comparabilidade tem limitações”.
“Vemos que quando as médias dos alunos oscilam um valor, para cima ou para baixo, há sempre a ideia de que os alunos poderão ter melhorado ou piorado na proporção daquele valor, o que é uma ideia enganadora porque, lá está, as avaliações nem sempre são comparáveis”, justificou.
Ainda assim, insiste na utilidade destas listagens e sublinha a vantagem de desafiar “toda a sociedade civil a fazer as análises que considera mais pertinentes. Com essa riqueza de análises é que nós tiramos os diagnósticos”, concluiu.