Da Redação
Com Lusa
Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting, disse nesta quinta-feira, depois de ter sido absolvido de todos os crimes no caso da invasão à Academia de Alcochete, que pode começar a sair do confinamento de dois anos a que foi forçado.
“Se tiverem a coragem de dizer que fui absolvido por ter sido considerado inocente, posso começar a sair do meu confinamento de dois anos. Hoje, foi a assunção de uma coisa que sabia há dois anos e está nas vossas mãos não perpetuar mais este crime”, declarou Bruno de Carvalho à comunicação social, à saída do Tribunal de Monsanto, em Lisboa, depois da leitura do acórdão.
O ex-presidente leonino destacou que o tribunal teve “muito cuidado a dizer que não foram feitas provas” e que a decisão do coletivo de juízes, presidido por Sílvia Pires, abre um novo período na sua vida.
“Agora posso recuperar de um crime violentíssimo de mutilação e assassinato de caráter que foi cometido contra mim. Nenhum cidadão merece passar pelo que eu passei”, disse, acrescentando que aos restantes arguidos foram dadas penas exemplares, “mas não se caiu na tentação de fazer deste caso um exemplo”.
Já sobre a sua ligação ao Sporting, Bruno de Carvalho considerou que “será da mais elementar justiça” ser readmitido como sócio do clube e deixou uma mensagem aos sócios e adeptos dos ‘leões’.
“Sempre fui inocente, deviam ter confiado, sempre dei tudo pelo Sporting e o coloquei muitas vezes [o clube] à frente da minha vida, da minha família, que felizmente não me abandonou”, concluiu.
Já Nuno Mendes, líder da claque Juventude Leonina, conhecido por Mustafá, também absolvido da autoria moral do ataque à academia dos ‘leões’, criticou a “má investigação” do Ministério Público e confessou o seu alívio por este desfecho.
“Estou satisfeito, claro que sim, depois do que passei. É um alívio, porque foi muto grave e não havia necessidade disto. Vou seguir com a minha vida em frente e falar com o meu advogado”, afirmou, deixando em aberto a possibilidade de avançar com um pedido de indenização ao Estado português.
Já Bruno Jacinto, ex-Oficial de Ligação aos Adeptos do clube leonino e outro dos absolvidos pela juíza Sílvia Pires, disse à saída do Tribunal de Monsanto que este era o desfecho que esperava.
“Sempre estive de consciência tranquila neste processo e deram-me razão. Estava à espera deste desfecho e saio de cabeça levantada. Provou-se que nunca devia ter entrado neste processo e agora espero ser reintegrado na sociedade”, declarou, emocionado.
O antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho foi absolvido da autoria moral da invasão à Academia do clube, em Alcochete, em 15 de maio de 2018, no processo que decorreu no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.
Na leitura do acórdão, que decorreu no tribunal de Monsanto, em Lisboa, o coletivo de juízes, presidido por Sílvia Pires, considerou que não foram provados fatos contra Bruno de Carvalho, que liderou os ‘leões’ entre 2013 e 2018.
Igual conclusão tiveram sobre o líder da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes, conhecido por Mustafá, e sobre o ex-Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do clube Bruno Jacinto, que, tal como o antigo presidente, estavam acusados da autoria moral da invasão.
Já nove dos acusados do processo foram condenados a prisão efetiva e 29 a penas suspensas, por crimes de ameaça agravada e ofensa à integridade física.
O coletivo de juízes absolveu ainda todos os arguidos do crime de sequestro e terrorismo, uma vez que tinham um alvo definido, sem interferirem com a paz pública.
O antigo líder da claque Juventude Leonina Fernando Mendes e outros oito arguidos foram condenados a cinco anos de prisão efetiva, 29 foram condenados a penas entre três anos e seis meses e quatro anos e 10 meses, suspensas por cinco anos, enquanto três foram condenados a penas de multa.
O processo do ataque à Academia – onde, em 15 de maio de 2018, jogadores e equipa técnica do Sporting foram agredidos por adeptos ligados à claque ‘leonina’ Juve Leo –, tinha 44 arguidos, acusados de coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
O processo, que pertencia ao Tribunal de Almada, começou a ser julgado em 18 de dezembro de 2019 pelo coletivo de juízes presidido por Sílvia Pires, no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, por questões logísticas e de segurança.
Todos os acusados aguardavam a leitura do acórdão em liberdade – alguns com termo de identidade e residência, apresentações semanais e proibição de frequentarem recintos desportivos -, depois de muitos terem estado em prisão preventiva.