Ex-presidente do BES diz que Novo Banco “foi entregue gratuitamente”

Da Redação
Com Lusa

BancoEspiritoSanto_RicardoSalgadoO ex-presidente do BES Ricardo Salgado afirmou que a venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star “foi uma desgraça” e que a instituição “foi entregue gratuitamente”.

As declarações de Ricardo Salgado, transmitidas pela TVI24, foram proferidas à entrada do Tribunal de Santarém, onde prossegue o julgamento do pedido de impugnação da contraordenação de quatro milhões de euros aplicada pelo Banco de Portugal (BdP) ao ex-presidente do BES, bem como o recurso interposto por Amílcar Pires, condenado ao pagamento de 600 mil euros e inibição do exercício de cargos financeiros durante três anos.

“Foi uma desgraça, o banco foi entregue gratuitamente e Bruxelas não tem a mais pequena sensibilidade para as necessidades bancárias em Portugal”, afirmou Ricardo Salgado sobre a venda do Novo Banco (entidade de transição resultante da intervenção das autoridades no BES) à Lone Star.

A norte-americana Lone Star vai realizar injeções de capital no Novo Banco no montante total de 1.000 milhões de euros, dos quais 750 milhões de euros logo no fecho a operação e 250 milhões de euros até 2020, foi anunciado na sexta-feira passada.

A Lone Star “é uma instituição que eu desconheço, mas que não tem certamente cultura para o desenvolvimento e manutenção das operações às Pequenas e Médias Empresas portuguesas”, considerou, adiantando que aquele “é um mercado muito particular”.

Ricardo Salgado criticou ainda a intervenção da entidade de supervisão bancária e o executivo liderado por Pedro Passos Coelho no processo que levou ao fim do BES. “O Banco Espírito Santo foi destruído”, salientou.

“Aquilo que eu estou a trabalhar para comprovar [é que o BES] foi destruído pelo Banco de Portugal e pelo Governo anterior, não quero com isto dizer que não foram cometidos erros de julgamento durante o período da gestão, atravessámos uma crise terrível”, acrescentou.

Sobre a “fuga monumental de depósitos que não conseguiram ser identificados” porque “a maioria dos depósitos vinham do Banco Espírito Santo” e “foram transferidos para ‘offshore’”, Ricardo Salgado afirmou: “Posso garantir que essa boa parte dos depósitos que saíram foram de clientes do banco e de clientes bancos internacionais que trabalhavam connosco e empresas internacionais”.

Portugueses descansados

O Presidente da República disse nesta segunda-feira que os contribuintes podem ficar descansados com a solução encontrada pelo Governo para o Novo Banco, uma vez que a garantia será do fundo de resolução e não do Estado.

“Podem ficar descansados de que a solução encontrada, que é na linha do Governo anterior, é de não haver garantia do Estado, não haver responsabilidade do Estado, mas do fundo de resolução”, sustentou o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que o Estado não entra com garantia na venda do Novo Banco. “São os bancos que, realmente, a 30 anos, caso seja possível, irão pagando aquilo que for a diferença, esperemos que seja o mínimo possível”, acrescentou.

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