Iniciativa já conseguiu angariar 900 vagas em universidades da Europa e do Oriente Médio para refugiados sírios que tiveram estudos interrompidos por causa da guerra.
Da Redação
Com agencias
O ex-presidente de Portugal, Jorge Sampaio, lançou uma iniciativa para ajudar refugiados sírios a continuar seus estudos fora do país.
Segundo Sampaio, a iniciativa já conseguiu assegurar 900 vagas universitárias para sírios que tenham tido sua vida acadêmica interrompida por causa da guerra civil.
O projeto para as bolsas de emergência conta ainda com o co-patrocínio da Organização Internacional para Migrações, OIM, que trabalha em parceria com a ONU.
Batizada de “Apoio de Emergência para Estudantes da Síria, Compromisso para Ação”, a iniciativa já recebeu a adesão de Universidades no Egito, no Líbano, na Turquia, no Iraque e em Portugal.
O ex-presidente Jorge Sampaio explicou à Rádio ONU como o projeto vai funcionar na prática. “Nós montamos uma plataforma com vários parceiros internacionais: o American International Institute of Education, o Conselho da Europa, a IOM, a Liga dos Estados Árabes, para suscitar juntos a estabelecimentos de ensino, bolsas para estudantes refugiados sírios. Houve uma surpreendente adesão das universidades e dos institutos politécnicos desses países que eu mencionei (Egito, Turquia, Líbano, Iraque e Portugal.)”
Jorge Sampaio contou que houve mais de 2 mil candidaturas de estudantes sírios para as bolsas. O ex-presidente diz que os primeiros estudante sírios deverão chegar a Portugal já em janeiro.
Segundo ele, o Brasil também está interessado em participar da concessão de bolsas de emergência a refugiados sírios. “E isso a partir de janeiro, poderá concretizar-se também no Brasil. E o Brasil terá dada à componente na sua população de pessoas com origem síria, poderá ser um elemento muito significativo nesse momento. Vamos ver. Há (algumas conversações) em curso com o Itamaraty, vamos ver como elas se desenvolvem agora em janeiro.”
Jorge Sampaio deixou o cargo de alto representante da Aliança das Civilizações no ano passado. Ele também foi o enviado especial da ONU para o combate à tuberculose. Sampaio foi presidente de Portugal de 1996 a 2006.
Comunidade internacional falhou
A Anistia Internacional (AI) alertou que a comunidade internacional tem falhado “miseravelmente” no apoio aos refugiados sírios, que já somam 2,3 milhões. Em comunicado divulgado em 13 de dezembro, o organismo lembrou que dos US$ 3 bilhões que a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu em julho, para apoiar essa população, apenas 64% foram angariados até agora.
A organização de defesa dos direitos humanos apela à comunidade internacional que garanta o financiamento dos apelos humanitários para a Síria e que apoie os principais países que acolhem refugiados para que eles mantenham as fronteiras abertas, garantindo a proteção dessas pessoas. Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egito acolhem, juntos, 97% dos sírios obrigados a fugir do seu país devido ao conflito que se prolonga desde março de 2011.
No comunicado, a AI lembra declarações do alto-comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, que recentemente considerou que a Síria é “a grande tragédia deste século”, tendo provocado uma fuga de refugiados como não se via desde o genocídio de Ruanda, há quase 20 anos.
Nos dois anos que antecederam outubro de 2013, 55 mil cidadãos sírios pediram diretamente asilo à União Europeia, sendo a Alemanha e a Suécia os mais procurados. Portugal teve 85 pedidos de asilo. Por ser “quase impossível aos refugiados e requerentes de asilo entrar na Europa legalmente”, eles são forçados a “duras viagens, arriscando a vida em barcos ou por terra”, alerta o organismo.