Ex-ministro recomenda “nova onda de reformas” para a economia portuguesa

Da Redação
Com Lusa

O economista chefe em exercício da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Álvaro Santos Pereira, considerou que Portugal precisa de “uma nova onda de reformas” nos próximos anos.

O ex-ministro da Economia, que falava à margem da apresentação das perspetivas econômicas da OCDE, destacou que, apesar de a organização “prever um crescimento da economia portuguesa a rondar os 2,2% este ano e no próximo”, são precisas novas reformas, senão “o crescimento vai parar”.

Foto Arquivo ESTELA SILVA / LUSA

“Para mim, é mais do que evidente – e tenho dito isso muito claramente – para os próximos anos tem de haver uma nova onda de reformas. Se não houver uma nova onda de reformas, o crescimento vai parar, tão simples como isso”, afirmou.

Álvaro Santos Pereira precisou que as reformas devem realizar-se no setor do ensino, mas também se deve “continuar a melhorar o clima de negócios”, apesar de ter havido “uma grande melhoria nos últimos anos”.

O economista chefe em exercício da OCDE defendeu, ainda, a redução da carga fiscal, principalmente ao investimento: “Precisamos de atrair mais investimento e só baixando a nossa taxa de IRC para níveis competitivos vamos conseguir atrair mais investimento. Acho que isso é fundamental”, sustentou.

Álvaro Santos Pereira acrescentou que “é importante baixar a carga fiscal das famílias” e “fazer uma reforma fiscal que alargue a base fiscal”, com “menos isenções para empresas ou para indivíduos com maiores rendimentos”.

“Ao mesmo tempo que se alarga a base fiscal consegue-se aumentar rendimentos e baixar as taxas de IRC, e depois de IRS, que são fundamentais”, concluiu.

No setor do ensino, Álvaro Santos Pereira afirmou que “houve já uma grande melhoria nos últimos anos, mesmo nos indicadores do PISA, para Portugal”, mas o país continua “a ter um sistema vocacional de ensino profissional que ainda não responde às necessidades dos mercados”.

“Nós achamos que é muito importante haver primeiro uma auditoria de tudo o que é sistema de formação em Portugal, para selecionar o trigo do joio, mas depois principalmente avançar com uma integração do sistema profissional que existe no IEFP [Instituto do Emprego e Formação Profissional] com o sistema educativo que é tutelado pelo Ministério da Educação. Portanto, apostar num sistema dual de aprendizagem para que as nossas empresas possam suprir as suas necessidades de mão de obra”, recomendou.

Desemprego vai baixar mais

O economista resumiu, ainda, que nas previsões da OCDE a taxa de desemprego em Portugal vai “continuar a baixar já para níveis abaixo de 7% em 2019” e que “o investimento vai continuar a recuperar”.

“O investimento público vai certamente aumentar, até por causa do maior impacto dos fundos estruturais, mas também as exportações vão continuar a estar bastante saudáveis e, portanto, é importante que a economia continue neste caminho”, explicou.

A taxa de desemprego desceu para 7,5% em março, atingindo o valor mais baixo desde abril de 2004, segundo uma revisão em alta divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

O INE reviu em alta a taxa de desemprego de março em 0,1 percentuais, face à estimativa provisória divulgada há um mês (que era de 7,4%).

“A taxa de desemprego de março de 2018 situou-se em 7,5%, menos 0,1 pontos percentuais que no mês anterior, menos 0,4 pontos percentuais em relação a três meses antes e menos 2,2 pontos percentuais face ao mesmo mês de 2017”, afirma hoje o INE.

É necessário recuar até abril de 2004 para encontrar uma taxa de desemprego inferior à registada no mês de março, refere.

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