Mundo Lusíada
Com agencias
A emigração portuguesa contemporânea é o tema de um debate que vai reunir em Lisboa, nos próximos dois dias, vários especialistas portugueses e tem como convidado especial o britânico Russell King.
Organizada pelo Centro de Investigação de Estudos de Sociologia do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, pela Rede Migra e pelo Observatório da Emigração, a conferência está dividida em vários painéis temáticos, com destaque para a reflexão em torno da saída crescente de trabalhadores qualificados, nomeadamente jovens, potenciada pela crise econômica.
O evento, que acontece no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, começa às 09h de 12 de março, com o Governo a fazer-se representar pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário.
Entre os especialistas convidados para analisar as tendências atuais da emigração portuguesa estão sociólogos como Beatriz Padilla, Rui Pena Pires, João Teixeira Lopes e Pedro Góis.
No dia 13 às 18h, o britânico Russell King, professor de Geografia e Estudos Migratórios, nas universidades de Sussex e Malmö, falará sobre “a nova dinâmica das migrações na periferia sul da Europa”.
No âmbito da conferência, será ainda apresentado o documentário “Portugueses pelo Mundo”. Confira o programa completo (em PDF) aqui>>
Saída de jovens é “um perigo para o país”
A saída de Portugal de jovens qualificados é “um perigo para o país”, para o professor e politólogo Adriano Moreira, afirmou em entrevista à Lusa.
“Não podemos olhar com indiferença para o fato de que fizemos um esforço enorme na investigação e no ensino e que os resultados desse esforço são a favor dos países para onde essa gente nova emigra, que é o que está a acontecer”, lamenta o ex-líder do CDS, ex-ministro e ex-deputado, recordando que os países estrangeiros costumam elogiar as “excelentes qualidades” dos portugueses.
Perante “a circunstância de estarmos a perder o avanço científico e técnico que já tínhamos conseguido e que está a traduzir-se na crise das universidades”, o professor considera a situação “grave”, admitindo “grande inquietação” face ao “empobrecimento terrível do país”.
Ele próprio pai de um filho recentemente regressado de três anos em Moçambique, confessa: “Não há nenhum pai que veja partir os filhos sem saber o que vai acontecer, ou se alguma vez os volta a ver, porque vão à aventura, saber do futuro que aqui não encontram.”