Da Redação
Com Lusa
O diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que a Europa, e não mais a China, é neste momento o epicentro da pandemia de coronavírus.
“Neste momento, estão a ser registrados na Europa mais casos todos os dias do que os reportados na China, no auge da sua epidemia”, disse Ghebreyesus, em declarações aos jornalistas, em Genebra.
O diretor da OMS disse que, em todo o mundo, mais de 5.000 pessoas perderam já a vida, “um número trágico”, como resultado do surto do novo coronavírus.
Mais de 135 mil pessoas foram infectadas em todo o mundo, a maioria na China, onde mais de 3.000 pessoas morreram e mais de 62.000 já se recuperaram.
Nos Estados Unidos, o Presidente Donald Trump declarou estado de emergência nacional, para lidar com pandemia, libertando cerca de 50 mil milhões de euros num fundo federal para responder ao surto. Ele também já anunciou a suspensão de todos os voos oriundos de países da União Europeia para prevenir a propagação do novo coronavírus.
Bruxelas
Já a Comissão Europeia admitiu, no caso de uma “severa desaceleração da economia” na zona euro e União Europeia (UE), devido aos impactos da Covid-19, suspender os ajustamentos orçamentais recomendados aos Estados-membros.
“A Comissão está disposta a propor ao Conselho a ativação de uma cláusula de salvaguarda para acomodar um apoio mais geral à política orçamental. Esta cláusula suspenderia, em cooperação com o Conselho, o ajustamento orçamental recomendado […] no caso de uma severa desaceleração econômica na zona euro ou no conjunto da UE”, indica Bruxelas nas medidas econômicas hoje apresentadas como resposta ao surto de Covid-19.
Em causa estão as recomendações feitas por Bruxelas aos Estados-membros e que estabelecem orientações políticas adaptadas a cada país da UE para impulsionar o crescimento e o emprego e, simultaneamente, assegurar finanças públicas sólidas.
Com a epidemia, vários Estados-membros estão a adotar medidas restritivas no funcionamento de setores como a hotelaria, o turismo, a restauração e o retalho, o que afeta significativamente os negócios.
Segundo o executivo comunitário será aplicada “toda a flexibilidade prevista no quadro orçamental da UE, para que se possam implementar as medidas necessárias para conter o surto do novo coronavírus e atenuar os seus efeitos socioeconômicos negativos”.
Para isso, a Comissão vai classificar o Covid-19 como um “evento excecional e fora do controlo dos governos”, o que permite “acomodar gastos excecionais para conter o surto, como despesas com saúde e medidas de apoio direcionadas para empresas e trabalhadores”.
No pacote de medidas, a Comissão aponta ainda estar a trabalhar “com os Estados-membros para garantir o fluxo de bens essenciais através das fronteiras terrestres”.
E promete uma ajuda europeia de 37 mil milhões de euros, no âmbito da política de coesão, para apoiar o setor da saúde e as pequenas e médias empresas afetadas pelo novo coronavírus, que está a causar um “tremendo choque” econômico.
Para este apoio avançar, a Comissão insta o Parlamento Europeu e o Conselho a aprovarem a proposta, de forma a ser adotada nas próximas duas semanas.
Além deste montante, o executivo comunitário garante ter até 179 milhões de euros para disponibilizar no âmbito do Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização, para apoiar funcionários dispensados e trabalhadores independentes.
Acresce uma verba de até 800 milhões de euros do Fundo de Solidariedade da UE para uma eventual crise de saúde pública, que poderá ser mobilizada, se necessário, para os Estados-membros mais afetados.
O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detectado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.900 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
O número de infectados com Covid-19, que pode provocar infeções pulmonares, ultrapassou as 133 mil pessoas, com casos registrados em mais de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem mais de 100 casos confirmados.