Estudo: Proximidade com populações contribui para reduzir taxa de abstenção

Presidente de Portugal recebe populares no 25 de Abril. Foto Lusa

Da Redação
Com Lusa

Um estudo da Universidade do Minho (UMinho) e do Instituto Universitário Europeu, em Itália, concluiu que um líder político capaz de criar laços de empatia e afetividade consegue atrair mais eleitores às urnas.

Segundo a Universidade do Minho (UMinho), o estudo intitulado “Do we need warm leaders? Exploratory study of the role of voter evaluations of leaders’ traits on turnout in seven European countries”, acaba de ser publicada no “European Journal of Political Research”, e aponta que um político com essas capacidades consegue mesmo convencer quem se “abstém há vários anos” a ir às urnas.

A “proximidade com as populações contribui para a redução da taxa de abstenção”, concluem os autores do estudo Patrício Costa (UMinho) e Frederico Ferreira Silva (Instituto Universitário Europeu), cuja equipe analisou dados eleitorais de sete países europeus com diferentes contextos sociais: Portugal, Espanha, Irlanda, Alemanha, Reino Unido, Itália e Hungria.

“Verificou-se que as pessoas têm maior probabilidade de participarem nas eleições se avaliarem positivamente um dos candidatos. A capacidade de estabelecer laços de empatia é o que mobiliza mais os eleitores no momento de irem votar, sobrepondo-se a características como a competência, sendo o impacto manifestamente superior entre os que têm vindo a abster-se há mais de uma eleição”, lê-se no texto.

Segundo refere Patrício Costa, “para estas pessoas, desiludidas com os partidos e a democracia no geral, o aparecimento de um candidato capaz de criar uma relação afetiva pode ser decisivo na sua reativação política, nomeadamente na participação em eleições legislativas”.

Por um lado, apontam os resultados, os eleitores deveriam idealmente avaliar os líderes com base em características relevantes para o desempenho do cargo, deixando para depois as dimensões não-políticas; “Os resultados provam que acontece muitas vezes o contrário. Perante este cenário, é legítimo questionar-se até que ponto os indivíduos não estarão a formular avaliações considerando elementos superficiais, à partida pouco pertinentes para antever a eficácia do candidato”, problematiza Frederico Ferreira Silva.

Por outro lado, “muitos eleitores poderão estar simplesmente a transpor para a política os seus mecanismos de avaliar os outros no dia-a-dia de uma forma simples e eficaz, baseando-se na simpatia, imagem e autenticidade do político”.

Os autores questionam se valerá a pena os políticos apostarem nesta vertente mais afetiva”, apontando o caso do atual presidente da República de Portugal como exemplo.

“Se à custa disso conseguirmos atrair mais pessoas para a política, talvez esse não seja um preço tão alto a pagar. Atentemos, por exemplo, no caso de Marcelo Rebelo de Sousa, frequentemente apelidado de ‘Presidente dos afetos’, e na sua capacidade de reaproximar grande parte do eleitorado à política”, conclui Patrício Costa.

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