Mundo Lusíada com Lusa
Portugal venceu hoje o Qatar por 3-1, num encontro particular disputado a meio da qualificação para o Mundial2022 de futebol, no qual e meia luso-brasileiro Otávio estreou com um gol.
Otávio tornou-se o oitavo jogador naturalizado a vestir a camisa da seleção portuguesa de futebol. Passou mais de uma década para a seleção portuguesa voltar a estrear um jogador naturalizado, depois de Liedson, Pepe, Deco, Celso e Lúcio Soares, todos nascidos no Brasil, e de David Júlio, oriundo da África do Sul.
No Estádio Nagyerdei, em Debrecen, Hungria, palco onde a Sérvia, que divide a liderança do Grupo A com Portugal, goleou por 4-0 o Qatar, o atacante André Silva e os meias Otávio e Bruno Fernandes, aos 23, 25 e 88 minutos, respectivamente, foram os autores dos gols lusos, enquanto Abdelkarim Hassan (61) fez o tento de honra dos anfitriões, que terminaram reduzidos a nove jogadores na casa emprestada, perante 14.750 espetadores.
“Estou sem palavras. Estrear-me na seleção, sobretudo com um gol, é um sentimento único e um sonho realizado, mas o mais importante é a vitória. Há que descansar, pois vamos ter um jogo importante. Fui bem recebido por todos. O grupo acolheu-me bem e passou confiança. Isso é o mais importante. Sou mais um para ajudar e, se o ‘mister’ precisar de mim, estarei pronto” declarou o luso-brasileiro após a partida, que ainda comentou. “Coração português? A 100%”.
Como o técnico Fernando Santos já tinha adiantado na conferência de imprensa antes do jogo, e tendo em vista o encontro da quinta jornada do Grupo A, na terça-feira, em Baku, diante do Azerbaijão, o ‘onze’ hoje apresentado incluiu jogadores que normalmente são segundas escolhas no campeão da Europa de 2016.
Além de dar minutos a atletas como Anthony Lopes, Rúben Neves, Nuno Mendes ou Domingos Duarte – cumpriu a terceira internacionalização, o selecionador luso aproveitou o encontro de caráter particular para lançar de início o meia Otávio, e ainda testar, uma vez mais, o meia Danilo Pereira no eixo defensivo.
A exibição aquém produzida na última quarta-feira, diante da República da Irlanda (vitória por 2-1), no Estádio do Algarve, em Faro, precisava de ser ‘esquecida’, mas os primeiros minutos na cidade húngara foram de alguma aflição para a seleção das ‘quinas’.
Com o experiente João Moutinho a capitanear os lusos, em detrimento do ausente Cristiano Ronaldo, Portugal, mesmo com jogadores habitualmente fora das opções iniciais, até entrou em campo a assumir e a controlar um jogo que se antevia acessível.
Sem conseguir alvejar com perigo a baliza defendida por Barsham nos instantes iniciais, foram os organizadores do próximo campeonato do mundo a criar sobressaltos para a baliza de Anthony Lopes e por duas vezes, num espaço de 15 minutos.
Primeiro, a trave impediu que a boa combinação dentro da grande área entre Afifi e Ali terminasse em golo, logo aos nove minutos. Pouco depois, Hatim teve espaço para, de pé esquerdo, colocar a bola junto ao poste direito de Lopes, que teve de se aplicar.
No banco, Fernando Santos mostrava-se descontente com a falta de produtividade ofensiva, uma mensagem que ‘acordou’ os jogadores para, num espaço de dois minutos, resolverem, praticamente, o jogo.
Naquela que foi a primeira grande chance, André Silva correspondeu, de cabeça, da melhor maneira, ao cruzamento primoroso de João Mário – já tinha assistido Ronaldo para o golo da vitória contra os irlandeses -, abrindo caminho para Otávio ter uma estreia de sonho, quando Gonçalo Guedes colocou a bola no coração de área, para o médio do FC Porto ‘copiar’ a finalização do número ‘9’ luso.
André Silva, que voltou a marcar por Portugal 364 dias depois, viria a dispor de mais duas soberanas ocasiões, na recarga a um remate de Rúben Neves e após ser assistido por Guedes, mas em ambas não conseguiu bater o guardião da ‘casa’.
Se o jogo já estava complicado para o Qatar, ainda mais ficou quando o guarda-redes Barsham travou Gonçalo Guedes à entrada da área e, após o húngaro Grego Bogár recorrer ao videoárbitro (VAR), recebeu ordem de expulsão, aos 43 minutos, uma vez que o extremo do Valência ficaria com a baliza à sua mercê.
A jogar em superioridade numérica, o ímpeto ofensivo luso foi crescendo e a segunda parte jogou-se, praticamente, no meio-campo do Qatar, impotente para conseguir construir jogo ou sair no contra-ataque.
À passagem do minuto 58, e após muita insistência para fazer face à ‘muralha’ adversária, João Mário teve tudo para fazer o terceiro para Portugal, porém a pontaria não foi a melhor, à ‘boca’ da baliza, levando a bola a sair por cima da barra.
Surpreendentemente, o Qatar conseguiu contra-atacar, ganhar um pontapé de canto e bater Anthony Lopes, novamente num lance de bola parada, tal como já tinha acontecido diante da Irlanda. O defesa Abdelkarim Hassan elevou-se sobre os centrais para cabecear e encurtar distâncias, aos 61.
O Qatar começou a acreditar que podia sair com um empate de Hungria e Fernando Santos lançou os ‘titulares’ Bruno Fernandes, Ruben Dias e Diogo Jota para dar equilíbrio e soluções diferentes na manobra ofensiva lusa, juntamente com Francisco Trincão, que usou nas costas o ‘7’ de Ronaldo.
Até final, Bruno Fernandes, de livre direto, esteve perto inscrever o nome na lista de marcadores, com a bola a sair rente ao poste, mas voltaria a ter nova chance, desta vez, da marca do castigo máximo, fixando o resultado final, e o adversário ainda sofreu mais uma expulsão, de Boualem Khoukhi.
Na terça-feira, a equipe das ‘quinas’ retoma a qualificação, com o Azerbaijão, em Baku, em jogo da quinta jornada.
Portugal ocupa a liderança do grupo A, com 10 pontos, os mesmos das Sérvia, que hoje goleou o Luxemburgo (4-1), terceiro, com seis, seguindo-se irlandeses e azeris, ambos com um.