Estrangeiros a viver em Portugal registram maior aumento de sempre, brasileiros no topo

Foto Carlos Manuel Martins

Da Redação
Com Lusa

O número de estrangeiros a viver em Portugal aumentou 13,9% em 2018, totalizando 480.300, o valor mais elevado registrado pelo SEF desde o seu surgimento, em 1976, revela um relatório do serviço de segurança apresentado nesta sexta-feira.

O Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA) de 2018, divulgado por ocasião do 43.º Aniversário do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), adianta que o número de estrangeiros a residir em Portugal subiu pelo terceiro ano consecutivo e foram os cidadãos oriundos de Itália os que mais aumentaram no ano passado ao registarem um acréscimo de 45,9% face a 2017, sendo já 18.862 os italianos a viver no país.

No entanto, os brasileiros continuam a ser a maior comunidade estrangeira residente no país, com 105.423 cidadãos, representando mais de um quinto do total, valor mais elevado desde 2012, e em 2018 registraram um aumento de 23,4% em relação a 2017.

O RIFA indica também que os cidadãos oriundos da França continuam a aumentar, totalizando 19.771, registando uma subida de 29,1%.

“A entrada da França (em 2016) e da Itália (em 2017), o seu crescimento sustentado e consequente subida de posições na estrutura das nacionalidades mais representativas, parece confirmar o particular impacto dos fatores de atratividade já apontados em anos anteriores nos cidadãos estrangeiros oriundos de países da União Europeia, como a percepção de Portugal como país seguro, bem como as vantagens fiscais decorrentes do regime para o residente não habitual”, lê-se no relatório.

Os ucranianos estão a diminuir em Portugal, tendo registado no ano passado um decréscimo de 10%, sendo agora cerca de 29.000.

Na lista das 10 principais nacionalidades residentes no país constam o Brasil (105.423), Cabo Verde (34.663), Romênia (30.908), Ucrânia (29.218), Reino Unido (26.445), China (25.357), França (19.771), Itália (18.862), Angola (18.382) e Guiné-Bissau (16.186).

O RIFA dá também conta que se registou em 2018 uma subida de cidadãos oriundos de África (mais 4,3%), uma inversão da tendência verificada nos anos anteriores, com particular incidência para os países africanos de língua oficial portuguesa, designadamente Angola, que viu a sua comunidade aumentar 9,1%, e a Guiné-Bissau, com um aumento de 6,5%.

O mesmo documento indica igualmente que 81% dos cidadãos estrangeiros residentes em Portugal fazem parte da população ativa, com preponderância do grupo etário entre os 25 e os 44 anos.

No entanto, a população com mais de 65 anos (9,8%) apresenta um peso relativo superior aos jovens entre os 0 e os 14 anos (9,1%).

De acordo com o relatório, mais de dois terços (68,9%) da população estrangeira reside nos distritos de Lisboa (213.065), Faro (77.489) e Setúbal (40.209).

Serviço de Fronteiras

O horário de atendimento no SEF aos imigrantes vai ser alargado a partir da próxima semana devido ao aumento de cidadãos estrangeiros a viver em Portugal, segundo o ministro da Administração Interna.

“A tendência continua a verificar-se no atual ano. Decidimos, no início da próxima semana alargar os períodos de atendimento do SEF com um ajustamento que permite ter os serviços de atendimentos a imigrantes a funcionar entre as 08:30 às 20:00, aumentando a capacidade de resposta”, disse Eduardo Cabrita, no final da cerimônia que assinalou o 43.º aniversário do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

“As alterações demográficas e o sucesso da economia portuguesa determinaram que nos últimos três anos, sobretudo em 2018, se tenha verificado um significativo crescimento dos residentes estrangeiros. Foram 480.000 em 2018 e é o maior número de sempre. Em 2019 atingimos já o meio milhão de cidadãos estrangeiros com autorização de residência em Portugal”, realçou Eduardo Cabrita.

O ministro considerou que o país “encara como necessária e positiva” a vinda para Portugal de estudantes, trabalhadores, investigadores e investidores estrangeiros.

Explicando os dados do relatório, o ministro destacou o aumento de cidadãos das origens mais tradicionais, como Brasil e Cabo Verde, mas o também o crescimento “muito positivo” de imigrantes oriundos do Reino Unido, França e Itália, bem como da índia, Nepal, Bangladesh e Venezuela.

“Temos novas origens, que não estão ainda no ‘top ten’ mas tiveram em 2018 um crescimento muito significativo que tem a ver com setores como agricultura, construção civil e alguns áreas do turismo”, disse referindo-se ao aumento de cidadãos da Índia, Nepal, Bangladesh e Venezuela.

Além do melhoramento da capacidade de resposta do atendimento no SEF, o ministro disse ainda que Portugal está “a tratar de acordos de migração legal adequadas àquilo que é a evolução do mercado de trabalho”.

Sobre o alargamento do horário de funcionamento nos centros de atendimento do SEF, a diretora nacional deste serviço de segurança, Cristina Gatões, afirmou que tal vai acontecer na segunda-feira, mas “não é imediato” em todo o país.

“O alargamento do horário vai passar a funcionar em todas as unidades orgânicas que neste momento tenham capacidades e recursos humanos para o fazer”, disse aos jornalistas Cristina Gatões, sem avançar os locais.

A diretora nacional disse ainda esperar pela integração dos 116 assistentes técnicos até ao final do ano para que o alargamento dos horários chegue a todos os centros do país.

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