“Estamos a crescer mais do que os destinos concorrentes” diz ministro português

Da Redação
Com Lusa

O Governo e os parceiros sociais, que estiveram reunidos na Concertação, destacaram a subida de 10% nas receitas turísticas e defenderam a necessidade de melhoria da qualificação e condições laborais no setor.

“As receitas do setor do turismo, entre janeiro e novembro de 2018, cresceram mais de 10% e as receitas da nossa vizinha Espanha cresceram apenas 3%. Estamos a crescer mais do que os destinos concorrentes. Não nos parece, que desse ponto de vista, possamos ter alguma preocupação”, disse o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, que falava aos jornalistas no final do encontro da Comissão Permanente de Concertação Social.

De acordo com o governante, Portugal tem conseguido reduzir a dependência dos mercados tradicionais e da sazonalidade, bem como diversificar geograficamente a oferta turística.

“Tivemos também oportunidade de discutir a necessidade de reforçar a qualificação dos recursos humanos, continuar a apostar na qualidade da prestação do serviço e isso implica também qualificação e melhoria das relações laborais”, acrescentou Pedro Siza Vieira que participou pela primeira vez na reunião de Concertação Social.

O ministro Adjunto e da Economia disse ainda que o ‘Brexit’ (saída do Reino Unido da União Europeia) é, ao mesmo tempo, “um grande desafio e uma grande oportunidade”, sendo Portugal o país que, “de forma mais afirmativa, conseguiu fazer chegar ao Reino Unido a mensagem de que vai tentar assegurar que as condições de recepção aos turistas britânicos, após o ‘Brexit’, são exatamente as mesmas que se verificam neste momento”.

Por sua vez, o presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, destacou que é impossível que o turismo português continue a crescer ao ritmo registado entre 2012 e 2018, sublinhando a necessidade de criação de melhores condições nos serviços.

“O ano de 2018 foi de estagnação, mas não nos podemos esquecer [que] no período de 2012 a 2017, o turismo cresceu, praticamente 50%. É impossível continuar-se a crescer assim. Tivemos um ano de 2018 de consolidação, mas não podemos esquecer que foi um ano [em que] independentemente do número de dormidas e turistas não ter crescido, as receitas subiram cerca de 10%”, afirmou.

O responsável referiu ainda ser necessário que o país tenha alguma preocupação no que se refere ao ‘Brexit’, uma vez que o turismo inglês em Portugal está muito concentrado na Madeira e no Algarve.

“O aeroporto é um estrangulamento para o Turismo […]. Temos também um problema do SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que não conseguimos entender. Não é possível que o pior mês para o SEF, ao nível dos atrasos, seja sempre o anterior”, vincou.

Já o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, notou que o aumento das receitas turísticas não é acompanhado pela melhoria das condições dos trabalhadores.

“Constatamos que há um aumento significativo das receitas, que não tem correspondência com o aumento adequado dos salários. Temos um salário médio no setor na ordem dos 713 euros, quando o salário médio, a nível nacional, é de 934 euros”, indicou.

Para o responsável da central sindical, não é possível fazer turismo “num quadro onde não se valoriza os trabalhadores”, sendo eles “o rosto da relação com o turista”.

Arménio Carlos frisou ainda que a precariedade no setor ronda os 50% e que não pode ser justificada com a sazonalidade, que tem vindo a decrescer.

O líder da intersindical defendeu também que é preciso controlar o alojamento local, uma vez que este “está a afastar as pessoas das suas casas, a originar a saída das cidades para a periferia”, bem como a fazer com que as rendas estejam a aumentar significativamente.

Os últimos dados do INE, referentes a novembro de 2018, mostram que o ano foi de redução, ainda que se registe uma recuperação naquele mês.

Assim, nos primeiros 11 meses do ano, o total de dormidas reduziu-se em 0,2%, para 54,7 milhões, com destaque para a Madeira, que viu este indicador cair 3,8% para 6,8 milhões, para o Centro, que reduziu as dormidas em 3,3% (5,2 milhões) e para o Algarve (menos 1,3%, para 18,2 milhões de dormidas).

De acordo com o instituto, no mês de novembro, em termos de dormidas de não residentes, os maiores decréscimos ocorreram nas Regiões Autônomas dos Açores (-7,7%) e Madeira (-4,8%). Desde o início do ano, houve aumentos de dormidas de não residentes no Alentejo (+7,5%) e no Norte (+6,1%) e, em sentido contrário, registaram-se decréscimos no Centro (-11,9%) e Algarve (-4,3%).

Paralelamente, a taxa de ocupação da hotelaria portuguesa recuou 1,22 pontos percentuais em novembro último face ao período homólogo, para 59%, mas o preço médio por quarto ocupado e disponível aumentou 7% e 5%, respectivamente, segundo a associação setorial, uma tendência que se tem verificado ao longo dos últimos meses.

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