Mundo Lusíada
Com Lusa
O presidente do PSD e primeiro-ministro defendeu que as privatizações feitas nesta legislatura eram necessárias há anos e correram bem, e que o Estado deixou de interferir nos negócios, a contragosto da oposição.
“Havia em Portugal muito esta ideia de que o Estado servia para proteger as empresas, certas empresas. Hoje sabe-se que não é assim e, portanto, quem vem disputar o mercado sabe que não vai haver uma intervenção nem do ministro, nem do secretário de Estado, de nenhum membro do Governo, de ninguém influente junto da banca para evitar que certos negócios ou operações se possam concretizar ou que outras tenham mais probabilidade”, declarou.
Pedro Passos Coelho, que falava no encerramento das jornadas parlamentares do PSD e do CDS-PP, no Clube Náutico de Alcochete, no distrito de Setúbal, acrescentou: “Na verdade, isto hoje dói muito às nossas oposições, porque gostariam que não fosse assim, não cabe no seu preconceito sobre esta maioria que seja assim”.
Antes, o primeiro-ministro disse que o Governo PSD/CDS-PP fez “um conjunto de privatizações importantes que estavam previstas no memorando de entendimento” assinado em 2011 com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. “Há anos que sabíamos que era preciso fazer essas privatizações. Fizemo-las em boas condições”, considerou.
Dirigindo-se àqueles que diziam que o executivo ia “vender ao desbarato as joias da coroa”, Passos Coelho acrescentou: “Sabem hoje que com as privatizações alcançamos cerca do dobro do encaixe financeiro que estava previsto pelo anterior Governo. Se tivéssemos vendido por metade, como o PS deixou no memorando de entendimento, teríamos defendido melhor o interesse público e interesse do Estado?”, questionou.
Atrativo
Também o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, reiterou que Portugal se tornou um país confiável e atrativo para os investidores, apesar dos problemas que teve. “Esses problemas foram dolorosos de superar, mas estamos precisamente naquele momento em que os investidores estão a pensar investir em Portugal, estão a pensar criar postos de trabalho no nosso país”, afirmou.
Paulo Portas falava na fábrica Luso Finsa de Nelas, durante uma cerimônia que assinalou a realização de um investimento superior a 37 milhões de euros, com mais 50 postos de trabalho. “Sendo conservador nas estimativas, vimos nestas terras, no espaço de poucos meses, cerca de 60 milhões de euros de investimento e cerca de 500 postos de trabalho novos. Não há coincidências”, frisou.
Na sua opinião, tal deve-se a “um forte trabalho a favor do investimento” e significa “que o país se tornou atrativo” e também “confiável”. “O investimento é a condição crítica da criação de emprego e a criação de emprego é a condição essencial para termos um país mais justo”, acrescentou.
Paulo Portas garantiu que Portugal trata bem os investidores e que aqueles que já estão no país há muito tempo “são os melhores embaixadores da diplomacia econômica” portuguesa.
“Neste momento, num mundo tão complexo, é um país seguro para investir e um país interessante para confiar. Nós queremos o vosso investimento, porque sabemos que só com investimento é que há criação de emprego”, acrescentou.
“Tudo o que nós pudermos reduzir em custos de contexto, tudo o que pudermos fazer, por exemplo, em pequenas e médias obras que ligam concelhos fortemente exportadores aos eixos principais, é um contributo enorme para que a economia melhore e cresça mais”, acrescentou.
Oposição
A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins acusou porém o Governo de não ter “feito muito” pela confiança na economia portuguesa ou na zona euro e de ter “pouca capacidade” de responder concretamente nos debates.
“Não se pode dizer que o Governo português tenha feito muito pela confiança nem na economia portuguesa nem na zona euro porque empobrecer um país não torna uma economia mais forte”, afirmou Catarina Martins, quando questionada acercas das declarações do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que afirmou pretender levar ao debate do “Estado da Nação” desta quarta-feira uma mensagem de confiança na zona euro e na economia portuguesa.
A porta-voz bloquista declarou também, numa conferência de imprensa dia 07 em Lisboa, que “acrescentar a todos os riscos da zona euro pressões sobre países que estão em situação de alguma forma semelhante a Portugal, também não contribui em nada para a estabilidade da zona euro”.