Da Redação
Com Lusa
O primeiro-ministro afirmou que Portugal atingiu em 2019 novos máximos na angariação de investimento direto estrangeiro, com crescente diversificação de origem, mas avisou que a estabilidade macroeconômica é essencial para preservar a confiança internacional no país.
António Costa falava no encerramento de uma cerimônia de assinatura de 14 contratos de investimento em Portugal e que envolveram multinacionais como a Bosh, a Lauak e a Natixis, mas também a Bial, a Bluepharma ou a Vila Galé Internacional – uma sessão que decorreu no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“Há um fator que é absolutamente fundamental, que é a estabilidade e a consistência do quadro macroeconômico do país. Portugal atravessou uma crise gravíssima, recuperou dessa crise e venceu-a. Por isso, não queremos seguramente mais alguma vez regressarmos a qualquer crise”, declarou o líder do executivo.
António Costa referiu depois que o país atingiu o “equilíbrio” orçamental em 2019 e que “irá registrar no final deste ano o primeiro excedente” da história da democracia portuguesa.
“O Orçamento é um instrumento e não um fim em si próprio, e esta trajetória só tem um objetivo: Reforçar a confiança internacional no país, permitindo-nos continuar a ter uma capacidade de redução sustentada da dívida e continuar a merecer confiança por parte dos mercados internacionais para a redução da taxa de juro, que é o melhor apoio que se pode dar a quem quer investir em Portugal”, sustentou.
Neste contexto, o primeiro-ministro deixou um aviso de caráter político, dizendo que “a continuidade e a solidez dessa opção tem de ser muito claramente reafirmada, tendo em vista consolidar a confiança e a credibilidade na economia portuguesa”.
Em relação aos dados mais recentes sobre o investimento direto estrangeiro contratado, o primeiro-ministro, num discurso com cerca de dez minutos, destacou a característica de diversificação, quer em termos de proveniência do capital estrangeiro, quer por setor de atividade econômica, quer, ainda, em termos de localização geográfica no país, apontando que não se concentrou no Porto ou em Lisboa, mas espalhou-se pelo território nacional.
Na sua intervenção, após a assinatura dos contratos, António Costa manifestou-se confiante que o volume do investimento estrangeiro vai continuar a crescer em 2020 e, nessa parte do seu discurso, decidiu recorrer a uma nota de humor.
“Isto começa a ser difícil para um primeiro-ministro, porque no ano passado podia desafiar o presidente da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), Luís Castro Henriques, mas agora ele já me desafia a mim, dizendo que posso estar descansado e que para o ano lá será batido novo recorde” na captação de investimento estrangeiro.
7.245 novos empregos
Segundo a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), o investimento contratualizado atingiu um novo máximo em 2019, com 1,17 mil milhões de euros, permitindo a criação de mais 7.245 empregos.
O investimento quase duplicou face à média do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) no período entre 2008 e 2014, chegando em 2018 aos 1,1159 milhões de euros e aos 1,172 milhões de euros no ano passado.
O investimento direto estrangeiro, segundo a mesma estimativa, teria crescido quase 30% de 2018 para 2019, passando de 688 para 883 milhões de euros no ano passado.
Antes da intervenção de António Costa, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, advertiu que o ano passado foi “difícil em matéria de geopolítica externa, gerando um clima de incerteza” em matéria de investimento internacional.
“Apesar da instabilidade que se verificou em muitos pontos do mundo, não houve retração nas decisões de investimento por parte dos empresários em Portugal. Portanto, estamos perante muito bons resultados”, sustentou.
Pedro Siza Vieira salientou depois que muitos dos projetos “foram viabilizados com o apoio do Estado” e que a concretização dos objetivos requereu dos funcionários “muito trabalho”.
“No final do ano, atingimos as metas definidas para pagamentos às empresas no âmbito de todos os fundos. Com um esforço muito grande, foi possível assegurar o cumprimento da meta”, reforçou o membro do Governo.
Na primeira intervenção da sessão, o secretário de Estado para a Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, disse que os resultados referentes à contratualização de investimento estrangeiro atingiram dois novos máximos: quer em valor absoluto de angariação de investimento, quer com mais de 7200 postos de trabalho e manutenção de mais 20 mil.
Eurico Dias destacou depois a diversidade setorial dos investimentos estrangeiros atraídos por Portugal, o que protege melhor o país das variações verificadas nos mercados internacionais.
“Foram contratualizados em 13 setores diferentes, desde o turismo (com investimentos espalhados pelo território), a indústria automóvel, o agroalimentar, o aeronáutico e área farmacêutica. Mas as origens do capital também tiveram proveniências diferentes, porque, além de países da União Europeia (sobretudo Alemanha, França e Espanha), temos investimentos relevantes de países como os Emirados Árabes, o Qatar, o Japão ou os Estados Unidos”, citou.
Já o presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, frisou que o país recebeu investimentos na ordem dos 177 milhões de euros em projetos de inovação e tecnologia (IDT). “Este investimento em IDT cresceu mais de cinco vezes – projetos com uma importância muito especial, já que Portugal demonstra ser um país competitivo neste domínio”, defendeu.
Luís Castro Henriques referiu-se ainda indicador do investimento direto estrangeiro, que registrou um crescimento na ordem dos 30% de 2018 para 2019.
“Os investidores estrangeiros acreditam no país e no talento das nossas pessoas. Portugal é um país atrativo, apesar de 2019 ter sido um ano com muita poeira no ar”, afirmou, aqui numa alusão à conjuntura externa.