Mundo Lusíada
Com agencias
A morte de Eusébio, no domingo, aos 71 anos, vítima de parada cardiorrespiratória, é destacada nas capas de vários jornais de todo o mundo. “Herói”, “bombardeiro”, “lenda”, “mítico” e “glória” são as palavras que fazem manchete um pouco por toda a imprensa mundial.
O Presidente português Aníbal Cavaco Silva sublinhou que a melhor forma de homenagear Eusébio “é seguir o seu exemplo”, recordando a forma como o futebolista trabalhou e lutou para alcançar tantas vitórias. “Portugal perdeu hoje um dos seus filhos mais queridos: Eusébio da Silva Ferreira”, afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, numa declaração no Palácio de Belém, a propósito da morte de Eusébio.
Na declaração, o Presidente da República recordou a forma como ao longo da sua vida Eusébio conquistou o carinho e a estima de todos, por ser “um desportista de exceção, dos melhores do mundo, que tantas glórias trouxe a Portugal”.
Cavaco Silva, que esteve pela última vez com Eusébio em Outubro, num encontro privado, destacou igualmente as qualidades humanas do futebolista, que tinha “uma humildade e uma afabilidade invulgares, uma simplicidade daquelas que são verdadeiramente grandes, que nada precisam de exibir porque já demonstraram ser os melhores.”
“Tinha um trasbordante amor pela vida, uma enorme alegria de viver, rodeado pelo afeto de todos os portugueses”, acrescentou, confessando que Eusébio foi uma das personalidades mais cativantes que conheceu na sua vida.
Os talentos de Eusébio como desportista, “que deram a alegria a milhões de pessoas, a gerações de inteiras”, foram igualmente destacados pelo chefe de Estado, que lembrou a sua “arte” e a forma como dentro de campo se entregava com paixão para alcançar a vitória e representou a seleção nacional com uma dedicação sem limites.
“Todos recordamos o dia em que saiu do campo em lágrimas, chorando por Portugal. As lágrimas de Eusébio, nesse dia, são as nossas lágrimas, no dia de hoje. O país chora a sua morte. O país está oficialmente de luto”, disse Cavaco Silva na declaração no Palácio de Belém, onde a bandeira de Portugal será colocada a meia-haste, depois de terem sido decretados três de luto nacional.
“Portugal está de luto” declarou a Federação Portuguesa de Futebol. “Eusébio da Silva Ferreira, o King, rei dos Magriços de 1966 e eterno símbolo do País, da Seleção e do Benfica. Eusébio maravilhou o mundo do futebol na década de 60, com os expoentes máximos em 1962, na conquista da Taça dos Campeões pelo Benfica, e em 1966, com o terceiro lugar de Portugal no Mundial de 1966 e o título de melhor marcador da competição. À família enlutada e ao Benfica quer a Federação Portuguesa de Futebol, nesta hora difícil, expressar sentidos pêsames”, divulgou a FPF em comunicado.
O ex-futebolista brasileiro Pelé também lamentou a morte do português Eusébio, a quem chamou de “irmão”. “Lamento a morte de meu irmão Eusébio. Ficamos amigos na Copa de 66 na Inglaterra”, escreveu Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido como Pelé, na sua página oficial na rede social Facebook.
Pelé partilhou ainda uma foto daquela época ao lado de Eusébio e recordou o derradeiro encontro entre ambos, em setembro de 2013, nos Estados Unidos, onde ambos foram homenageados antes de um jogo particular entre as seleções de Portugal e Brasil. “Nosso último encontro foi no recente jogo entre Brasil e Portugal em Boston. Meus pêsames a seus familiares e que Deus o receba de braços abertos”, acrescentou Pelé.
Assim como diversos esportistas portugueses, outros esportistas brasileiros também divulgaram mensagens, como o técnico Luiz Felipe Scolari que classificou a morte de Eusébio como uma “grande perda” e destacou o “ótimo relacionamento” que mantinha com o “pantera negra”. E o jogador Deco: “Tive a oportunidade de conviver muito tempo com o Eusébio, durante os sete anos em que defendi a seleção portuguesa. Fiz uma amizade e tinha muito carinho por ele. Tinha o respeito de todos na seleção e ajudava muito com sua experiência e seus conselhos. Sinto muito pelo falecimento dele”, declarou Deco, citado pela ESPN Brasil.
Também O presidente moçambicano, Armando Guebuza, lembrou que Eusébio se constituiu como “referência incontornável na rica geração dos futebolistas moçambicanos e de outras partes do globo do seu tempo”, na mensagem de condolências que enviou à família.
O Presidente moçambicano adiantou que Eusébio projetou o nome de Moçambique “à escala planetária” e que foi um exemplo de concretização de sonhos. “Nascido no chão da nossa terra, a 25 de janeiro de 1942, Eusébio da Silva Ferreira, com os seus pés nus, construiu, a partir da nacionalista, desportiva, poética, artística e multifacetada Mafalala uma carreira que viria a torná-lo uma referência incontornável na rica geração dos futebolistas moçambicanos e de outras partes do globo do seu tempo”, acrescentou Guebuza, numa nota distribuída pela Agência de Informação de Moçambique.
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho marcou presença no velório de Eusébio, que decorre no Estádio da Luz, para, em nome de todos os portugueses, prestar homenagem a um grande homem e grande embaixador de Portugal.
“Foi sobretudo a intenção, quer como chefe do governo quer como português que sou, de prestar homenagem a um grande homem, não só um grande embaixador de Portugal, mas uma grande pessoa”, disse em declarações à BenficaTV. O primeiro-ministro de Portugal quis exprimir “em nome de todos os portugueses” a consternação pela morte de um homem que todos gostariam “de ver viver mais anos”.
História
Eusébio da Silva Ferreira morreu em 05 de janeiro às 04:30 vítima de paragem cardiorrespiratória. Natural de Moçambique, Eusébio foi descoberto por um brasileiro, e em Portugal consagrou sua carreira. Eusébio nasceu a 25 de janeiro de 1942 em Lourenço Marques (atual Maputo).
Considerado o maior jogador de futebol da história de Portugal, Eusébio conquistou sua fama internacional no Mundial de Inglaterra 1966, quando levou a seleção portuguesa a alcançar o terceiro lugar, a melhor classificação lusa de sempre.
Naquela altura, o “Pantera Negra”, como ficou conhecido, foi o melhor marcador da competição, com nove golos, incluindo dois gols frente ao Brasil, que levaram à eliminação do “escrete”.
O “Pantera Negra” ganhou a Bola de Ouro em 1965 e conquistou duas Botas de Ouro (1967/68 e 1972/73). No Mundial Inglaterra de 1966 foi considerado o melhor jogador da competição, na qual foi o melhor marcador, com nove golos. Na mesma competição, Portugal terminou no terceiro lugar.
Entre as várias condecorações com que foi distinguido, Eusébio foi agraciado com a Grã-Cruz Infante D. Henrique e a Ordem de Mérito. Em Março de 2008, Eusébio fez parte da comitiva oficial que acompanhou o Presidente da República na viagem a Moçambique, a convite do próprio chefe de Estado.
O corpo do antigo jogador de futebol Eusébio está em câmara ardente no Estádio da Luz, porta 1 (acesso pela porta 11), segundo anunciou o Benfica, com a missa a realizar-se na segunda-feira às 16:00 na Igreja do Seminário no Largo da Luz, após o que o corpo segue para o cemitério do Lumiar, onde o funeral se realiza às 17:00 (horário local).