Mundo Lusíada
Com Lusa
O média Deco, campeão pelo FC Porto, Barcelona, Chelsea e Fluminense e 75 vezes internacional pela seleção de Portugal, anunciou em 26 de agosto o fim da carreira no futebol devido a problemas musculares.
“É com muita tristeza e pesar que comunico o fim de minha carreira como atleta profissional. Gostaria muito de continuar até o final deste Brasileirão e ajudar a colocar a equipe novamente na Libertadores, mas não estou conseguindo”, considerou o jogador num comunicado divulgado pela sua assessoria de imprensa.
“Gostaria muito de ter ajudado muito mais o Fluminense, mas o meu corpo não me permitiu. Deixo claro que me dediquei, esforcei e muitos me apoiaram para que eu seguisse até o final de ano. Fisicamente poderia jogar, mas os meus músculos não suportam mais”, adiantou ainda Deco.
Anderson Luís de Sousa, batizado no futebol por Deco, foi campeão europeu pelo FC Porto, em 2003/04, e pelo FC Barcelona, em 2005/06, conquistas a que junta os títulos nacionais de Portugal (três), Espanha (dois) e Inglaterra, além de uma Taça UEFA (2002/03), antes do regresso ao país onde nasceu, “reformando-se” ainda sob o estatuto de campeão pelo Fluminense, repetindo a façanha de 2010.
Com 75 internacionalizações “AA” por Portugal, estreou e marcou o primeiro gol pela seleção, orientada por Luís Filipe Scolari, a 29 de março de 2003, precisamente contra o Brasil, num particular que a equipe das “quinas” venceu, por 2-1, graças ao livre direto do portista, nas Antas.
Viria a disputar quatro fases finais ao serviço da seleção portuguesa, de 2004 a 2010, que ajudou a chegar à final do Europeu de 2004, em solo luso, e às meias-finais do Mundial de 2006, na Alemanha, como titular indiscutível.
Mas, foi ao serviço do FC Porto que Deco se mostrou ao “mundo”, brilhando num plantel dirigido por José Mourinho, que marcou o regresso dos “dragões” às conquistas europeias, primeiro com a Taça UEFA e, logo a seguir, com a vitória na Liga dos Campeões, em cuja final, frente ao AS Mónaco, o luso-brasileiro marcou um dos gols (3-1), sendo votado como o “melhor jogador” da final e da competição.
Foi, aliás, o ano de “ouro” de Deco, que ficou em segundo lugar no prestigiado troféu “Bola de Ouro” do France Football, perdida para o ucraniano Andrei Shevchenko (AC Milan), e foi considerado o “melhor meia” para a UEFA, voltando a conquistar um título pessoal em 2006, no Mundial de Clubes, no Japão, onde foi considerado “melhor jogador” da prova.
Oriundo do Corinthians Alagoano, de uma divisão estadual brasileira, Deco chegou a Portugal para jogar no Alverca, em 1997/98, então com 20 anos, de onde se transferiu, no decorrer da época seguinte, para o Salgueiros, já em “trânsito” para o clube “azul e branco”, onde chegou em janeiro de 1998.
Após seis temporadas de sucesso em Portugal, o “10” portista sai para o FC Barcelona, por 15 milhões de euros, “mais” o passe de Ricardo Quaresma (avaliado, na altura, em sete milhões).
Na Catalunha, ajudou o “Barça” a conquistar duas ligas espanholas (2004 a 2006) e as duas respetivas supertaças do país, de onde se transfere, em 2008/09 para o Chelsea, a pedido de Scolari, para se sagrar campeão inglês na segunda época, já sob o comando de Carlo Ancelloti.
Em 2010, ingressa no “Brasileirão”, onde nunca havia jogado, e aí volta a triunfar, logo na primeira época com a camisa do Fluminense, repetindo o feito na temporada passada, razão pela qual abandona a modalidade com o estatuto de campeão, apesar do controle antidoping positivo revelado em março passado, que lhe valeu um mês de suspensão.
O luso-brasileiro que nasceu em São Bernardo do Campo, município do Estado de São Paulo, alegou “falta de força muscular” para deixar os relvados e assumiu o fim da carreira com a mesma honestidade com que tratou a bola durante 17 anos, em que empolgou adeptos, colegas, adversários e treinadores.