Após racismo contra Marega, partido quer ouvir Governo e Liga de Clubes

Da Redação
Com Lusa

Nesta segunda-feira, o PCP pediu a audição, no parlamento português, do ministro da Administração Interna, secretário de Estado do Desporto e Liga de Clubes sobre “medidas a adotar” depois das “manifestações de racismo” contra o jogador Marega.

O atacante Marega pediu para ser substituído, ao minuto 71 do jogo da 21.ª jornada da I Liga, entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães, por ter ouvido cânticos e gritos racistas de adeptos da formação vimaranense, numa altura em que os ‘dragões’ venciam por 2-1, resultado com que terminaria o encontro. Jogadores do FC Porto e também do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo.

“As manifestações de racismo que envolveram o jogador do Futebol Clube do Porto Marega no jogo com o Vitória de Guimarães devem ser repudiadas. Mas mais do que palavras de condenação, o que a situação desperta, para lá do horizonte desportivo, são os fatores que abrem espaço a manifestações de racismo e xenofobia”, lê-se num comunicado do partido comunista.

“O PCP alerta para a crescente exacerbação e fomento de conflitos raciais artificialmente inculcados na sociedade portuguesa a partir de diversas formas e agentes”, independentemente de “uma consideração mais global que a questão suscita, a par de problemas reais que não devem ser iludidos”, refere o texto.

A bancada comunista anunciou que vai “chamar à Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias o ministro da Administração Interna, o secretário de Estado do Desporto e a Liga de Clubes, sobre as medidas práticas a adotar face a acontecimentos desta natureza nos recintos desportivos”.

Também o presidente da Assembleia da República condenou “com indignação” os insultos racistas ao jogador do FC Porto, e exigiu medidas de prevenção e de repressão contra criminosos nos estádios. Esta posição de Ferro Rodrigues foi transmitida numa nota da Assembleia da República enviada à agência Lusa.

O Presidente Marcelo Rebelo condenou os insultos lembrando que a Constituição da República é muito clara na condenação do racismo, xenofobia e discriminação.

“A Constituição da República Portuguesa é muito clara na condenação do racismo, assim como de outras formas de xenofobia e discriminação, e o povo português sabe, até por experiência histórica, que o caminho do racismo, da xenofobia, e da discriminação, além de representar a violação da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais, é um caminho dramático em termos de cultura, civilização e de paz social”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

Na declaração à Lusa, o Presidente da República sublinhou que só pode “condenar, como sempre, veementemente, todas as manifestações racistas, quaisquer que sejam”.

Marcelo Rebelo de Sousa apelou ainda “à ética, ao sentido cívico e ao bom senso, para que se evitem em Portugal escaladas que violem valores básicos da nossa comunidade e só possam contribuir para a divisão fratricida entre os portugueses”.

Diante da repercussão do caso, com diversas manifestações na internet, o primeiro-ministro Antonio Costa também publicou mensagem de repúdio ao ocorrido: “Todos e quaisquer atos de racismo são crime e intoleráveis. Nenhum ser humano deve ser sujeito a esta humilhação. Ninguém pode ficar indiferente. Condeno todos e quaisquer atos de racismo, em quaisquer circunstâncias”.

Em comunicado, o clube português divulgou que toda “estrutura do FC Porto e os seus adeptos estão solidários com Moussa Marega, que foi levado a tomar uma atitude drástica na sequência de insultos racistas reiterados”.

“O FC Porto repudia e condena veementemente os comportamentos racistas desta tarde, que constituem um dos momentos baixos da história recente do futebol português e terão de ser devidamente penalizados” e ainda que manterá na luta contra o racismo.

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