Da Redação
Com Lusa
O escultor Rui Chafes venceu o Prêmio Pessoa 2015, anunciou o júri no Palácio de Seteais, em Sintra. Com um valor monetário de 60.000 euros, o prêmio reconhece a intervenção de uma personalidade portuguesa na vida cultural e científica do país.
Rui Chafes mostrou-se satisfeito com a distinção, considerando-a “um reconhecimento” para a própria obra e “para as artes em geral”.
“Recebo com a maior surpresa, e fiquei estupefato e sem palavras”, afirmou o autor em declarações à agência Lusa após o anúncio do galardão, em Seteais.
O escultor, de 49 anos, disse ainda que não estava certo de “merecer” um prêmio que já foi entregue a figuras como o historiador José Mattoso, a pianista Maria João Pires, o arquiteto Eduardo Souto de Moura, o poeta Manuel Alegre ou o investigador Manuel Sobrinho Simões.
“É uma distinção de grande valor e simbolismo, e tem sido entregue a pessoas de grande importância para a comunidade, e não estou certo de ter essa importância. Sou apenas um escultor”, comentou.
No ano passado, Rui Chafes foi alvo de uma exposição antológica realizada pelo Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, intitulada “O peso do Paraíso”, com curadoria da diretora desta entidade, Isabel Carlos.
A exposição percorreu vinte anos da produção do artista – nascido em Lisboa, em 1966 – cuja obra, em escultura com ferro, é marcada por questões como a morte, a dor e o sonho.
“O meu trabalho tinha de ser feito por alguém. Alguém tem de o fazer”, disse ainda à Lusa Rui Chafes, numa apreciação modesta sobre a sua obra, mas mostrando-se também muito satisfeito por ter sido distinguido com o Prémio Pessoa.
“Tive essa sorte. É um reconhecimento para o meu trabalho e para as artes. Há bastante tempo que não era entregue a um artista ou a alguém da cultura, ou pelo menos das artes visuais”, assinalou.
Na opinião de Rui Chafes, “é muito importante que essa parte da Humanidade também tenha o seu reconhecimento mais formal”.
O escultor e poeta diz não acreditar que a arte possa ter um papel político ou uma linguagem interventiva política: “O meu trabalho não tem nada disso e nunca vai ter”, sustentou.
“A postura ética dos trabalhos e dos artistas é que pode fazer a diferença em relação à sociedade”, disse ainda, comentando que “a boa arte é intemporal”.
Confira os últimos ganhadores do prêmio
2010 – Maria do Carmo Fonseca (investigadora).
2011 – Eduardo Lourenço (ensaísta).
2012 – Richard Zenith (investigador).
2013 – Maria Manuel Mota (investigadora).
2014 – Henrique Leitão (historiador de ciência).
2015 – Rui Chafes (escultor)