Da Redação
O 24º Colóquio da Lusofonia, que se realiza este ano pela primeira vez na Graciosa, nos Açores, pretende “inovar” e vai dar voz a novos autores contemporâneos portugueses e divulgar a literatura de matriz açoriana.
“Continuamos a conseguir fazer dois colóquios, um nos Açores e outro no exterior, apesar da crise desde 2008, e sentimo-nos muito gratos por termos conseguido chegar à 24.ª edição, coisa que nunca imaginámos que seria possível quando começámos este projeto totalmente diferente de tudo o que se fazia em Portugal na altura”, afirmou o presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (AICL), Chrys Chrystello, em declarações à Lusa.
Santa Cruz, na ilha Graciosa, acolhe entre 24 e 27 de setembro o evento, que ostenta “pela primeira vez a logomarca Açores”, segundo Chrys Chrystello.
O presidente da AICL disse que a 24.ª edição terá como convidado especial o escritor Valter Hugo Mãe, além de Ximenes Belo, prêmio Nobel da Paz, que “já esteve duas vezes no colóquio – em 2005 e 2013” – e regressa “porque está a fazer um trabalho que se coaduna com um de três projetos permanentes que existem nos colóquios”, sobre a importância dos missionários açorianos no Oriente, em Macau e em Timor.
A iniciativa vai contar também com a diretora executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP/CPLP), Marisa Mendonça.
Chrys Chrystello disse que a presença de Valter Hugo Mãe pretende “dar voz aos novos autores consagrados contemporâneos portugueses” e acrescentou que o escritor “tem muitos leitores no arquipélago”, em especial na Graciosa.
O responsável adiantou ainda que cinco autores açorianos vão deslocar-se a Santa Cruz para divulgar a “pujante literatura de matriz açoriana”, que “está bem ativa” e “bem presente” em todo o país. São eles Álamo Oliveira, Brites Araújo, Norberto Ávila, Susana Margarido e Victor Rui Dores.
Segundo a associação, “esta literatura tem sido promovida pelos colóquios desde 2006, com os Cadernos de Estudos Açorianos em linha, a tradução de obras para sete línguas, a publicação de antologias destinados ao currículo regional açoriano”.
De acordo com o programa divulgado, há sete dezenas de inscritos e o colóquio terá uma sessão especial no dia 24, na Escola Secundária da Graciosa, com várias personalidades em diálogo com académicos, escritores, professores e alunos.
No evento serão abordados temas como a “Lusofonia e a Língua Portuguesa”, “Açorianidades” e “Tradutologia” e, além das sessões científicas, haverá recitais de poesia, do Cancioneiro Açoriano e de poetas açorianos.
Chrys Chrystello disse ainda que o colóquio terá “uma forte componente local” e que serão recriados “recitais de piano, tal como se fazia no século passado, em que a Graciosa tinha praticamente um piano por casa”.
Os Colóquios da Lusofonia, que decorreram pela primeira vez no Porto, já passaram por Bragança (durante nove anos), Macau, Brasil e Galiza (Espanha). Realizam-se nos Açores desde 2006, tendo Chrys Chrystello frisado que “um dos sonhos a breve prazo” é realizá-los em Cabo Verde, por ser “dos países com maiores afinidades à noção de lusofonia”.
Vão estar representadas 18 regiões de Portugal, Alemanha, Angola, Austrália, Brasil, Cabo Verde, Canadá, Estados Unidos da América, Espanha, Luxemburgo, Macau, Moçambique e Timor.