Mundo Lusíada
Paraty é palco de mais uma edição da Festa Literária Internacional, que acontece entre 1 e 5 de julho, no Rio de Janeiro.
A programação principal da Flip 2015 conta com 39 autores, 16 deles internacionais. E esta edição homenageia Mário de Andrade, agitador cultural e literário que buscou interpretar o Brasil de diferentes ângulos. Neste ano, os ingressos começarão a ser vendidos a partir de 1º de junho.
Entre os diversos recortes da programação estão a poesia, erotismo na literatura, ciência, representações literárias da família e da vida afetiva, romance policial, questões de política internacional, literatura de viagem, música, arquitetura, políticas culturais e os rumos da sociedade brasileira. O curador da Flip 2015 é o editor Paulo Werneck, responsável também pela curadoria de 2014.
Uma das participantes portuguesas desta 13ª edição é a escritora Alexandra Lucas Coelho. Nasceu em Lisboa, em 1967, e trabalha como jornalista desde os vinte anos, foi editora do caderno cultural do jornal português Público. Como correspondente viajou para diferentes países e publicou suas experiências e impressões em uma série de diários de viagem: Oriente próximo (2007), Viva México (2010), Tahrir, os dias da revolução (Língua Geral, 2010), Caderno afegão (Tinta Negra, 2012), e Vai, Brasil (2013). É autora dos romances “E a noite roda” (2012) e “O meu amante de domingo” (2014).
Matilde Campilho também participa deste ano. A poeta lisboeta nasceu em 1982, estudou em Milão, trabalhou em Madrid e, em Moçambique, leu histórias para os internados em um hospital da periferia. Em 2010, foi ao Rio de Janeiro ficar quinze dias e ficou três anos. Sua estreia como poeta no Brasil se deu pelas mãos de Carlito Azevedo, que a publicou no jornal O Globo, em 2014. “Jóquei” (Editora 34, 2015) é seu primeiro livro. “Eu comecei essa obra no Rio e só terminei em Portugal. Acho isso simbólico da minha poesia”, disse em entrevista ao Jornal do Comércio, de Pernambuco.
Publicado pela editora portuguesa Tinta-da-China em 2014, a estreia de Matilde Campilho foi recebida por seus pares cariocas, entre eles Carlito Azevedo, como uma revelação da lírica em língua portuguesa. Já em sua terceira edição em Portugal, “Jóquei” entra como favorito no páreo dos melhores lançamentos de poesia nas livrarias brasileiras.
Mesas Literárias
No dia 04, às 10h, a mesa “Turistas aprendizes” recebe Beatriz Sarlo e Alexandra Lucas Coelho, falando deste livro de Mário de Andrade de 1976. Duas renovadoras do gênero, a crítica literária argentina Beatriz Sarlo e a escritora portuguesa Alexandra Lucas Coelho, abrem em Paraty as páginas de seus diários de viagem.
Antes no dia 02, às 17h, “A poesia em 2015” recebe Matilde Campilho e Mariano Marovatto, com uma nova geração de poetas que, entre lá e cá, aponta as novas rotas da lírica de língua portuguesa.
Mário de Andrade, autor homenageado deste ano, teve sua obra e vida moldando a cultura brasileira – entre os frutos indiretos de sua atuação estão, por exemplo, a preservação da cidade de Paraty e a própria Flip. Mário trouxe questões centrais para novos debates sobre o país, a vida cultural e a literatura. Cultura popular e indústria cultural, patrimônio material e imaterial, fala brasileira e língua escrita, cultura indígena, literatura, identidade e gênero, a sua vida e obra parecem ter antecipado discussões atuais, que a Flip pretende pautar em 2015.
Com a presença de autores mundialmente respeitados, como Julian Barnes, Don DeLillo, Eric Hobsbawm e Hanif Kureishi, a primeira Festa Literária Internacional de Paraty, realizada em 2003, inseriu o Brasil no circuito dos festivais internacionais de literatura. Ao longo de suas edições seguintes, a Flip ficou conhecida como um dos principais festivais literários do mundo, caracterizada não só pela qualidade dos autores convidados, mas também pelo entusiasmo do público e pela hospitalidade da cidade. Nos cinco dias de festa, a Flip realiza cerca de 200 eventos, que incluem debates, shows, exposições, oficinas, exibições de filmes e apresentações de escolas, entre outros.