Escritor angolano propõe festival comum nas cidades de língua portuguesa

Da Redação
Com Lusa

O escritor angolano Ondjaki propôs, na cidade da Praia, a criação de um festival que se realize nas cidades capitais africanas de língua oficial portuguesa, com um nome comum em todas elas.

“Temos alguns festivais em Angola, mas o que um dia penso que seria bonito é que um festival com o mesmo nome visitasse as capitais de língua portuguesa (em África), primeiro, mas depois se estendesse a outros países de África que falem qualquer língua”, sugeriu.

Escritor angolano Ondjak é um dos conhecidos do público brasileiro.

Ondjaki falava na cidade da Praia, no âmbito da sua participação na terceira edição da Morabeza – Festa do Livro, evento literário promovido pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde.

Para o escritor angolano, um festival desse tipo poderia aumentar a interação cultural entre esses países, poderia haver novas publicações, originar novas traduções, contacto com criadores de língua portuguesa e troca cultural entre e dentro do continente africano.

Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) são Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Relativamente ao festival Morabeza, Ondjaki disse que é um evento grande e que está a crescer e considerou ser uma “ideia bonita” esse tipo de encontro acontecer em África, uma vez que os escritores muitas vezes encontram-se fora do continente.

“Penso que este encontro, nestas ilhas, em Cabo Verde, que fica no meio do mundo, como eu costumo dizer, para não dizer no centro do mundo, é uma excelente ideia. Por aqui pode passar gente vinda de África, da Europa, da América Latina, acho que é uma ideia muito bonita”, afirmou à Lusa.

No festival, Ondjaki apresentou uma performance de “escrita ao vivo” e ainda deu uma “entrevista de vida”, além da participação nas outras atividades.

Prosador e poeta, também escreve para cinema e teatro, Ondjaki nasceu em Angola, em 1977, e vive atualmente em Luanda.

É membro da União dos Escritores Angolanos, membro honorário da Associação de Poetas Húngaros e fundador da Associação Protetora do Anonimato dos Gambuzinos.

Está traduzido para francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio, sueco, chinês e swahili. Recebeu os prêmios FNLIJ (Brasil, 2010, 2013); JABUTI juvenil (2010); e, em Portugal, o prémio José Saramago (2013).

Reescreve crónicas para jornais e, ocasionalmente, é professor de escrita criativa.

A terceira edição da Morabeza – Festa do Livro arrancou na cidade da Praia, com a presença, entre os convidados, logo no primeiro dia, de José Ramos-Horta, antigo Presidente da República de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz em 1996, que dará uma “entrevista de vida”.

O festival estende-se pela primeira vez à ilha do Fogo, com atividades em todos os três municípios até ao dia 03 de novembro.

A edição de 2019 da Morabeza conta com uma feira do livro com obras de autores internacionais e lusófonos, encontros com os autores, visitas a escolas, ‘showcooking’, sessões de literatura com crianças, pintura de murais e debates.

Além de Ondjaki, entre outros convidados para conversas com o público estão previstos Abdulai Sila, da Guiné-Bissau, Eurídice Monteiro, Fausto do Rosário, Germano Almeida, Manuel Veiga e Margarida Fontes, de Cabo Verde, Conceição Lima, de São Tomé e Príncipe, Mário Augusto e João Tordo, de Portugal.

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