Ernesto de Melo e Castro foi condecorado pelo Presidente português no Consulado de São Paulo

Foto Odair Sene. GALERIA >>

Mundo Lusíada

Na presença do presidente português e do primeiro-ministro, o Consulado Geral de Portugal em São Paulo inaugurou a exposição “Tempo: ilusão imprecisa – Obras de E. M. de Melo e Castro na Coleção da Fundação Serralves”, na Sala Fernando Pessoa.
A mostra fica em cartaz, de forma gratuita, até 5 de agosto, e destaca a produção em poesia experimental produzida pelo artista português residente no Brasil Ernesto de Melo e Castro no contexto do pós-guerra, nas décadas de 1960 e 1970, presente na Coleção da Fundação de Serralves, na Cidade do Porto. A exposição reúne obras, livros, documentos e vídeos produzido especialmente para a ocasião.
Durante o evento em São Paulo, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa condecorou o artista português com a Ordem do Infante Dom Henrique, sob um céu que “só pode ser luso-brasileiro”. A condecoração, declarou o chefe de Estado, homenageia “um mestre, que é um experimentalista, e nesse sentido, um existencialista”.
“A homenagem nunca é tardia, porque é mais saborosa. É prestada no Brasil, quem diria, e ouvindo o próprio a recordar o percurso que fez. Normalmente as homenagens são póstumas, aí todo o mundo passa a gênio”, comentou. Além disso, a condecoração resulta da “colaboração dos órgãos de soberania: o senhor primeiro-ministro propôs a condecoração, o Presidente da República outorgou” e “os deputados [do PS, PSD, PCP, Bloco de Esquerda e CDS-PP, que integram a comitiva portuguesa] dos vários partidos apoiam”.
“Daquilo que tradicionalmente se chama a esquerda-esquerda até ao centro-direita e à direita moderada e civilizada, todos de acordo. São todos experimentalistas, ao menos hoje, na admiração de Ernesto Melo e Castro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que antes destacou “o dia glorioso” que amanheceu em São Paulo, apesar de frio.
“Mas que dia glorioso. Olhamos para o céu e o céu só pode ser luso-brasileiro. Está um tempo formidável para Portugal, nesta altura estamos a entrar no verão, formidável para o Brasil, que normalmente estaria mais frio se não estivesse aqui Portugal presente”, brincou.
À chegada ao consulado-geral, o primeiro-ministro cumprimentou o artista, que recordou ser “um grande amigo” do pai de António Costa, o escritor Orlando da Costa.
Ernesto de Melo e Castro afirmou-se surpreendido com a condecoração, que estendeu aos poetas da sua geração, nomeadamente António Ramos Rosa ou Armando da Silva Carvalho, falecido recentemente. “A maior parte dos poetas portugueses foram perseguidos, julgados, encarcerados, morreram miseráveis, esquecidos, mas eu peço-lhes que ressuscitem hoje”, disse.
A exposição teve patrocínio, entre outros, da Caixa Geral de Depósitos, e integra a programação do Experimenta Portugal 2017 do Consulado Geral de Portugal em São Paulo. E integrou a visita do presidente Marcelo Rebelo de Sousa ao Brasil para as comemorações do 10 de Junho.

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