Entrevista: Guitarrista do Xutos e Pontapés no Brasil

Por Priscila Roque

O guitarrista Zé Pedro. Foto: Priscila Roque

Não esqueço do primeiro show de uma banda de rock portuguesa que assisti na minha vida. Nos anos 90, durante uma apresentação da banda brasileira Ira!, no Centro Cultural São Paulo, vi os Xutos e Pontapés – um dos maiores nomes da música lusa nos dias de hoje. O grupo, na altura, já não era novo. Que grande som! Confesso que não tinha tanto apreço por bandas da terrinha na época, mas fui cativada.
Anos depois, em 2007, pude vê-los novamente. Desta vez, era a minha primeira visita a Portugal e eu já conhecia muitos discos deles. Por conta disso, tive a carona de um querido amigo português até Peniche para vê-los. A paixão pela energia do concerto deles foi tanta que, em 2009, quando retornei a Portugal, fiz questão de ir a Ponte de Lima, no norte do país, somente para prestigiá-los.
Agora, chegou a vez de ganhar mais um presente: entrevistar o guitarrista Zé Pedro, o fundador desse grande ícone luso. Quando digo ícone, não estou exagerando. Os Xutos comemoram neste mês o 33º aniversário. E eles continuam sendo admirados por todo o povo português, dos pequenitos aos mais velhos. Do rock’n’roll ao pop. Acompanhe a entrevista ao Cultuga.

Depois da bela apresentação que fizeram no Rock in Rio ao lado dos Titãs e com grande recepção do público brasileiro, como estão os preparativos para repetir essa parceria no palco do Rock in Rio Lisboa, neste ano?
Felizmente os Xutos estão com muito trabalho. De momento, ainda não pensamos em nada. Certamente não irá sair muito do que fizemos juntos no Rio.
 
Vocês notaram diferenças no público brasileiro a cada apresentação de fizeram por aqui? Me lembro de ter visto os Xutos no Centro Cultural São Paulo, em uma apresentação com a banda brasileira Ira!. Outro show aconteceu no Ceará, em 2006…
Há muito que não íamos ao Brasil e esta atuação foi muito especial. Primeiro porque estávamos no RiR e, segundo, porque estávamos tocando com uma das maiores bandas brasileiras – já não nos víamos desde o Ceará. Os Xutos nunca tinham tocado desta forma com ninguém.

Hoje em dia, vocês percebem uma mudança na aceitação da música feita em Portugal pelo Brasil? A que se deve isso?
A vinda de muitos brasileiros para Portugal ajudou muito na divulgação de músicos e de artistas portugueses. Claro que iniciativas com estas, do Rock in Rio, a música portuguesa e também a brasileira só têm a ganhar. Contudo, achamos que a Internet é, sem dúvida, uma área fundamental para se divulgar bandas e artistas.
 
Em setembro desse ano, os governos português e brasileiro darão início ao projeto “Ano de Portugal no Brasil”, seguindo até 2013. Essa pode ser mais uma chance de termos os Xutos no Brasil ou algum material lançado em terras brasileiras?
Esperemos que sim. Normalmente, muitas destas iniciativas ficam fechadas e as pessoas em geral não ficam sabendo. Mas temos esperança que seja bem divulgado e que abranja todas as áreas. Esperamos que a música moderna de ambos os países tenham uma boa visibilidade.
 
Por fim, gostaria que vocês indicassem três boas músicas ou bandas portuguesas aos leitores. Valem todos os estilos, de rock ao tradicional.
Um bom tema para se ouvir é uma versão da música – também cantada pelo Caetano Veloso – “Moro na Filosofia”, por um colectivo de músicos portugueses de nome Ladrões do Tempo. Uma óptima banda alternativa são os Linda Martini, e a novidade, para mim, são os Capitão Fausto – que lançaram o primeiro disco agora – e os Dead Combo – um grande grupo instrumental. Mas existem muitos bons grupos e artistas em Portugal, oxalá se consiga uma boa troca de boas ideias com o Brasil!

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