Entre acusações e desmentidos os boletins de voto a caminho de Lisboa

Por Eulália Moreno

Para Mundo Lusíada

Reunião do PSD na Casa de Portugal São Paulo

A Comissão Política da Secção do Partido Social Democrata (PSD) em São Paulo representada por David da Fonte, pelo deputado Carlos Páscoa e por Victorino Rodrigues reuniu a imprensa na Sala Camões da Casa de Portugal para fazer um balanço da candidatura do PSD pelo Círculo Fora da Europa, reiterar as críticas ao Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo, na pessoa do seu presidente Antonio de Almeida e Silva, por alegadas alterações às regras do debate que aconteceu naquele mesmo local no passado dia 24 de Maio, e acusar a candidatura do Partido Socialista (PS) de benefícios à margem da lei.

Carlos Páscoa que pleiteia a sua reeleição para terceiro mandado como segundo da lista encabeçada por José Cesário, informou que dará entrada no Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) a um pedido de Inspeção Consular pelo que considera a “utilização de um órgão do Estado, no caso o Consulado Geral de Portugal para divulgar a candidatura de uma sua funcionária, Carolina Almeida, pelo Partido Socialista (PS)”. Apresentou o deputado provas que considera “irrefutáveis” de produção de propaganda política para aquela candidatura em computadores instalados no Consulado, bem como, o acesso ao banco de dados que originou emails enviados a eleitores recenseados apelando ao voto no PS. A candidata licenciou-se como é do seu direito, mas a postos e à frente do processo de emissão de Certidões de Eleitor ficou o seu marido, Abílio Laranjeira de Almeida, movimentando tudo o que tinha à sua disposição para angariar votos. Bastava alguém solicitar essa Certidão que imediatamente passava a receber propaganda partidária do PS, até os beneficiados pelo ASIC receberam mala direta!”, denunciou.

“Fui acusado de ser um dos deputados mais faltosos da última legislatura. Faltei e justifiquei porque a função de um deputado da Emigração é visitar os países onde se encontram os portugueses. Ao longo do meu mandato, visitei várias vezes esta cidade, como visitei outras. A candidata tão certa está do poder da manipulação dos votos através desse acesso ao banco de dados consulares que nem sequer se deu ao trabalho de deslocar-se a qualquer país, sequer a algumas cidades do Brasil limitando-se a Santos e a Fortaleza onde possui um familiar. O segundo candidato da sua lista residente no Rio de Janeiro confessou-me ontem que nem sequer conhece a candidata”, prosseguiu.

Sobre a alteração das regras do debate, insiste Carlos Páscoa que as regras foram alteradas. “Quando me informaram que o debate seria a 24 de Maio de imediato respondi que seria impossível estar presente porque tinha assumido compromissos com a nossa Comunidade em Belo Horizonte, Minas Gerais. Sugeri novas datas que não foram aceitas. Ficou então acertado que se optaria pela presença apenas de representantes partidários: Victorino Rodrigues pelo PSD, Jorge Rosmaninho pelo PS e Ildefonso Garcia pela CDU, embora também seja candidato. Posteriormente fui informado, por email, de que Jorge Rosmaninho não participaria e que a candidata estaria presente. Isso constituiu-se uma violação das regras pré-estabelecidas. Quero deixar bem claro que não fui que não compareci ao debate foi a candidata do PS que compareceu a um debate onde não deveria estar”.

Antes de encerrar o encontro, David da Fonte, presidente da Comissão Política pediu a palavra para dizer que durante um dos Almoço das Quintas naquela Casa de Portugal, a candidata do PS solicitou que posassem para uma foto. “Mal sabia eu que essa foto seria utilizada no blog da candidatura PS, sugerindo um apoio que absolutamente não existiu. Solicitei a candidata que retirasse essa foto e não fui atendido. Terminarão as eleições e nós continuaremos aqui trabalhando pela nossa Comunidade e a postura da candidata foi muito deselegante  pois utilizou a minha imagem para um fim diverso do que eu pensei”.

O esclarecimento

Da candidata Carolina Almeida recebemos igualmente por email os seguintes esclarecimentos.

“Nenhum material foi confeccionado no Consulado em São Paulo já que o meu material de campanha foi todo confeccionado por uma grande gráfica de São Paulo que gratuitamente me ofereceu todos os panfletos. Estou licenciada do Consulado por orientação do partido, muito embora a lei não me obrigue a isso. Não me consta que a lei obrigue o cônjuge de um candidato a deixar as suas funções em órgão público. Enviei do meu email pessoal mensagens de campanha aos endereços eletrônicos que me foram fornecidos por vários colaboradores que trabalham diretamente com  a comunidade portuguesa de São Paulo e Santos”.

Quanto a sua campanha ter sido direcionada quase exclusivamente aos eleitores de São Paulo, Carolina Almeida afirma que isso deveu-se ao fato de  não ter recebido recursos financeiros do partido para tal. “Não tive dinheiro pra me deslocar a todos os cantos do mundo, como gostaria. Fui a Santos para participar de um almoço organizado por um membro do partido, a Fortaleza onde realmente tenho um familiar que me organizou um jantar. Gostaria muito de ter contacto com as nossas Comunidades residente neste Círculo eleitoral mas as eleições são antecipadas, não houve muito tempo para se organizar a campanha”.

O Mundo Lusíada perguntou a candidata se a utilização da foto de David da Fonte não teria sido uma forma da candidatura do PS colar-se a imagem do PSD. “O David da Fonte pediu que eu retirasse a nossa foto do meu Facebook e atendi prontamente. Ao responsável pela atualização do meu blog pedi que fizesse o mesmo. Para mim a amizade está sempre em primeiro lugar. Antes de ser meu adversário político o David é meu amigo pessoal e eu o respeito como tal. Eu acho que as pessoas não devem passar a ser inimigas porque estão em partidos diferentes ou torcem para diferentes times de futebol ou ainda porque acreditam em religiões diferentes. Vários integrantes do PSD me ajudaram nesta campanha, de diversas formas. E preservo o direito de não divulgar os seus nomes para que isso não lhes traga algum tipo de constrangimento”, afirmou.

O desmentido

O Mundo Lusíada contactou Antonio de Almeida e Silva que de imediato respondeu, por email, as acusações que lhe foram feitas lamentando as afirmações do deputado Carlos Páscoa: “Quando o deputado Páscoa informou que não estaria disponível para comparecer ao debate do dia 24 realizamos uma reunião no dia 12, na sede do Conselho, reunião essa a qual compareceu Ildefonso Garcia( CDU), Abílio Almeida e Jorge Rosmaninho (PS), Victorino Rodrigues e David da Fonte ( PSD), Paulo de Almeida como diretor do Conselho e eu, como presidente. Nessa reunião e de comum acordo ficaram definidas as regras para o debate no sentido de que os núcleos partidários  seriam representados por quem estes indicassem, até a véspera do evento, não importando se eram ou não candidatos. Ficou igualmente acordado um prazo de 48 horas para qualquer correção ou impugnação. No dia 23 recebi a informação de que o representante do PSD seria Victorino Rodrigues”.

Disponibilizou o presidente do Conselho toda a documentação referente a organização desse debate para que o Mundo Lusíada a consultasse. “Não tem o Conselho motivos para alterar qualquer regra do debate, nem o faríamos unilateralmente. Nosso trabalho voluntário não tem a pretensão de ser perfeito e de não cometer desacertos. Defenderei até o fim a apuração da verdade, principalmente por respeito aos meus companheiros de Conselho e os muitos amigos e incentivadores da nossa coletividade”, concluiu.

A apuração dos votos do Círculo Fora da Europa acontece no próximo dia 15 de Junho, a partir das 9h00 em 11 mesas de votos compostas, cada uma,  por presidente, vice-presidente, secretário e dois escrutinadores e sediadas no Complexo Desportivo Municipal do Casal Vistoso, Rua João Silva, 1900, em Lisboa.

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