Para Lula, houve “melhora” na relação entre os países ricos e os emergentes. Na luta contra aquecimento global, G8 vai reduzir em 50% as emissões até 2050.
Mundo Lusíada
Até 09 de julho, a cúpula do G8, grupo dos países mais desenvolvidos do mundo mais a Rússia, esteve reunida na ilha de Hokkaido, no Japão. O encontro foi acompanhado também pelo chamado G5, formado por Brasil, China, Índia, México e África do Sul, grupo de países emergentes convidado pelo quarto ano consecutivo. O grupo discutiu, entre outros temas, o aumento dos preços dos alimentos no mundo. Defendendo que o biocombustível nada tem a ver com a crise, o presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva criticou os “precipitados” que acreditam que biocombustível é responsável pela alta dos preços dos alimentos. “Tirando o etanol de milho americano não há nenhuma novidade na área, o Brasil continua produzindo da mesma maneira que antes”, afirmou. Segundo ele, a crise é uma “oportunidade” para uma maior produção de alimentos. “É um desafio importante, porque o mundo tem condições de produzir todo o alimento de que necessita. Com a economia crescendo, as pessoas vão continuar comendo mais, então temos que produzir mais também”. Recentemente, a imprensa britânica divulgou um relatório confidencial do Banco Mundial que culpa os biocombustíveis em 75% pelo aumento nos preços dos alimentos. A análise do economista Don Mitchell contraria estimativas dos Estados Unidos, que defende que combustível derivado de plantas respondem por menos de 3% do aumento dos preços dos alimentos. Em artigo no Financial Times, Mitchell afirmou que milho para produção de etanol nos EUA havia consumido mais de 75% do aumento da produção mundial de milho nos últimos três anos, pedindo ao país e à Europa que reduzissem os subsídios derivados de milho e sementes oleaginosas. 1 bilhão na pobreza Durante o encontro, agências da ONU apelaram aos líderes do G8 para aumentar os esforços na luta contra a fome, dedicando uma fatia mais significativa da ajuda ao desenvolvimento do setor rural e agrícola. Segundo divulgou as Nações Unidas, o declínio nos investimentos agrícolas nos últimos 30 anos é uma das razões para a atual crise alimentar. O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que o mundo está enfrentando várias crises de forma simultânea. A crise dos alimentos, os desafios do aquecimento global e o combate à pobreza são alguns dos temas mais urgentes para o mundo. Para ele, é hora de ação, e qualquer medida para enfrentar o problema deve ir além do encontro do G8, é preciso dobrar a ajuda de desenvolvimento à África até 2010. Se nada for feito para combater a crise dos alimentos, mais 100 milhões de pessoas poderão ser lançadas na pobreza extrema aumentando o número de famintos no mundo para quase 1 bilhão de pessoas. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, também defendeu combate à crise pelos líderes do G8. Para ser bem-sucedida, a globalização tem que ser inclusiva e sustentável, segundo ele, mais do que nunca o mundo precisa proteger os mais fracos. Zoellick defendeu que a saída está no aumento de investimentos nos setores agrícolas dos países em desenvolvimento, principalmente do continente africano. Redução de CO2 em 50% Uma das decisões do encontro foi o comprometimento do G8 a reduzir em 50% as emissões de CO2 até 2050. Para atingir essa meta, os líderes dos países mais ricos do mundo, que têm posições diferentes sobre a luta contra o aquecimento global, pediram cooperação também dos maiores emissores de CO2. "Reconhecemos que as economias mais desenvolvidas diferem das economias em desenvolvimento, por isso as nações mais industrializadas iniciarão objetivos ambiciosos a médio prazo para conseguir reduções absolutas de emissões e, quando for possível, paralisar o aumento das emissões segundo as circunstâncias de cada país" traz o comunicado do G8. Pela primeira vez, Estados Unidos aceitaram uma meta de redução de gases efeito estufa, depois que país não aderiu ao Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Economias crescentes como a China e a Índia produzem cerca de um quarto das emissões. Mas os países dizem que só vão aceitar metas de reduções caso nações ricas, principalmente os EUA, também o façam. Brasil no Japão Para Lula, houve “melhora” na relação entre os países ricos e os emergentes, e as nações ricas estariam se conscientizando sobre a importância de incluir as demais nações em discussões dos principais problemas do planeta. “Há uma evolução da consciência de que não é mais possível para as nações ricas se reunirem sem levarem em conta as mudanças na economia global nos últimos dez anos”, afirmou Lula. No próximo encontro, em 2009, o G8 deve agendar um dia inteiro para discussões com o G5. Apesar do reconhecimento, o grupo não deve incorporar mais membros – países emergentes – e transformá-lo em G13, já que há oposição declarada de parte dos Estados ricos, como Estados Unidos e Japão. O presidente brasileiro se mantém otimista. “Um ou outro pode resistir porque ninguém gosta de migrantes, mas somos migrantes importantes”, brincou Lula. “Estou convencido de que nos próximos anos isso irá se concretizar”. Lula ainda cobrou dos países europeus uma nova política para Imigração na União Européia, já que a nova legislação prevê prisão e deportação de imigrantes ilegais em prazos bem mais rígidos. Ele defendeu que o país está “à vontade” para tratar do assunto por sua experiência com imigrantes. “O tratamento que o Brasil deu para a entrada de alemães, italianos, espanhóis, japoneses e mais recentemente latino-americanos é o tratamento que queremos que nos dêem”. Com agencias
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