Encontrado morto em cela, ex-banqueiro João Rendeiro estaria hoje presente em tribunal

Da Redação com Lusa

O ex-banqueiro João Rendeiro, que foi encontrado morto na sua cela perto da meia-noite de quinta-feira, deveria estar presente em tribunal neste dia 13, segundo uma nota do Departamento de Serviços Penitenciários enviada à Lusa.

A advogada já confirmou à agência Lusa que o ex-banqueiro iria hoje a tribunal, adiantando que “já não é relevante adiantar os motivos”.

Na nota enviada à Lusa é dito que “o Departamento de Serviços Penitenciários (DCS) confirma o infeliz falecimento de João Manuel de Oliveira Rendeiro, que estava detido no Centro Correcional de Westville, em Durban” na África do Sul.

O porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul, Singabakho Nxumalo, explicou que o ex-banqueiro foi encontrado morto na cela onde estava detido “perto da meia-noite desta quinta-feira pelos guardas prisionais”.

“O DCS lançou urgentemente uma investigação para determinar a causa e as circunstâncias que levaram à sua morte”, conclui a nota.

A advogada de João Rendeiro revelou que foi chamada hoje para identificar o corpo do ex-presidente do BPP, e que vai iniciar os procedimentos da trasladação para Portugal.

“Pediram-me para identificar o corpo. Estou à espera da chamada do responsável da investigação para ir. Depois, irei tratar dos procedimentos para a trasladação”, afirmou June Marks à Lusa, acrescentando que a morte do ex-banqueiro, de 69 anos, encontrado enforcado nesta cadeia da África do Sul, “foi um grande choque” e que “ninguém estava à espera”.

Apesar de já ter adiantado anteriormente que as autoridades sul-africanas tinham lançado uma investigação para apurar as circunstâncias da morte de João Rendeiro, a mandatária do ex-banqueiro admitiu não ter muitas expectativas sobre essas diligências: “Duvido que descubram muito mais na investigação”.

Detido em 11 de dezembro na cidade de Durban, após quase três meses fugido à justiça portuguesa, João Rendeiro foi, então, presente ao juiz Rajesh Parshotam, do tribunal de Verulam, que lhe decretou no dia 17 de dezembro a medida de coação mais gravosa, colocando-o em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Westville.

O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admite mais recursos, com João Rendeiro a ter de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.

João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado.

O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

A rede diplomática e consular de Portugal na África do Sul está em contacto com as autoridades sul-africanas para obter mais informações sobre a morte na prisão do antigo presidente do BPP. Segundo o gabinete do ministro João Gomes Cravinho, “será prestado o apoio habitual”, como “em qualquer situação que envolve um cidadão nacional”.

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