Da Redação
Com Lusa
A têxtil Calvelex, com sede em Lousada e fábricas em Matosinhos e Vila Nova de Gaia, suspendeu parte da produção no início desta semana, até dia 28, por falta de matérias-primas e encomendas devido ao surto do coronavírus.
“Como é público, o recente vírus causou uma emergência de saúde pública global já declarada pela OMS [Organização Mundial de Saúde]. Em consequência, os nossos fornecedores de algumas matérias-primas como botões, forros, etiquetas e etiquetas de composição, que se localizam nas cidades de Hong Kong e Shenzhen, na China, comunicaram-nos diretamente não ter capacidade de produção para responder às nossas compras habituais”, refere a administração da Calvelex numa carta enviada no passado dia 07 a trabalhadores, e divulgada essa semana.
Segundo a empresa, até outros fornecedores “localizados em países europeus, como França, não estão a cumprir os prazos de fornecimento de matérias-primas, como tecidos, com o mesmo fundamento”.
A agência Lusa tentou obter esclarecimentos adicionais junto da administração da Calvelex, mas tal não foi possível até ao momento.
Alegando “uma necessidade urgente de reorganização, imposta pela crise provocada pelo coronavírus”, a Calvelex informa, na carta enviada aos trabalhadores, ter decidido “colocar em prática a adaptabilidade por antecipação, tal como prevista no Código do Trabalho”, antecipando “o período de descanso compensatório [dos funcionários], que deverá ser gozado a partir de dia 17/02 até 28/02” (de 17 até 28 de fevereiro).
O período de correspondente aumento do período normal de trabalho, esclarece, “será comunicado logo que possível, quando for expectável uma retoma das encomendas por normalização do mercado”.
Na carta, a administração da Calvelex — liderada pelo presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC), César Araújo — prevê que os ‘stocks’ de matéria-prima de que dispõe “vão chegar apenas para as próximas semanas” e diz não conseguir antever quando os conseguirá repor, seja através de empresas chinesas ou, “eventualmente, com compra noutros mercados”, situação que diz estar “a procurar” implementar.
Com mais de 600 trabalhadores distribuídos pelas unidades de Lustosa (Lousada), Carvalhos (Gaia) e Matosinhos e especializada na confecção de saias, calças, vestidos, casacos e coletes, a empresa diz ainda ter vindo a registrar um decréscimo de encomendas devido ao surto do coronavírus.
“Fruto do receio do mercado pelos mesmos motivos, as empresas que nos colocam encomendas retraíram também as ordens de encomenda que são habitualmente realizadas nos últimos dias de janeiro, sendo agora possível confirmar que as mesmas não vão colocar encomendas que permitam retomar a atividade no final da produção” daquelas que se encontram neste momento em linha, lê-se na carta.
Também no setor aéreo, a epidemia ligada ao coronavírus pode fazer com que as companhias aéreas deixem de ganhar 27,8 mil milhões de dólares (25,7 mil milhões de euros), segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).