Emigrantes queixam-se de falta de informação e receiam abstenção “assustadora” em Eleições Europeias

Da Redação
Com Lusa

O presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), Flávio Martins, manifestou preocupação com a possibilidade de a abstenção dos emigrantes aumentar de forma assustadora nas eleições europeias, denunciando falta de informação.

“Preocupa-nos que a abstenção aumente de forma assustadora e depois se ponha a culpa nas comunidades, que não participaram. Muitas vezes não participam porque falta informação”, disse Flávio Martins, que falava à agência Lusa no âmbito da reunião das comissões temáticas do órgão consultivo do Governo sobre emigração, que terminou dia 07 na Assembleia da República.

As eleições europeias estão marcadas para 26 de maio e os emigrantes portugueses votam presencialmente nos postos consulares no estrangeiro.

Flávio Martins disse ter já informado o primeiro-ministro, António Costa, e o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, sobre “a pouca informação” que está a chegar às comunidades portugueses.

“Seja a Comissão Nacional de Eleições (CNE), seja o governo, sejam os partidos, que façam as informações chegar”, disse.

Flávio Martins, que foi eleito para o CCP pelas comunidades do Brasil, adianta que no seu país “ninguém fala nisso”.

“As pessoas não conseguem receber informações, como se as eleições europeias não tivessem impacto nas comunidades. Quase tudo que é feito em Portugal depende do Parlamento Europeu”, disse, reforçando a necessidade de uma “grande campanha” de promoção do voto.

Na mesma ocasião, em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro defendeu, por seu lado, que mais importante do que olhar para a abstenção é importante ver os novos votantes.

Com a aprovação do recenseamento automático nos consulados e embaixadas, o universo de eleitores emigrantes passou de 318 mil para 1,483 milhões, sendo estas eleições as primeiras em que este novo universo eleitoral será “testado”.

“Nas últimas eleições europeias votaram cerca de quatro mil cidadãos no estrangeiro, nas presidenciais 12 mil e nas legislativas 28 mil, com cerca de 300 mil recenseados”, lembrou.

“Na noite das eleições, o que temos que ver é quantos é que votaram a mais desta vez comparativamente aos atos eleitorais anteriores porque isso significa que são cidadãos que hoje estão a participar por que foi removido um obstáculo”, acrescentou

José Luís Carneiro disse ter expectativa num aumento dos eleitores, mas admitiu que não é expectável “um aumento exponencial de participação” nestas europeias.

O secretário de Estado adiantou que o Governo “já sensibilizou” a Comissão Nacional de Eleições para a publicitação nos órgãos de comunicação da emigração do apelo à participação eleitoral.

“Este é um esforço de todos e há um esforço que é dos partidos políticos que não pode ser substituído”, quer na mobilização para o voto, quer para a nomeação de representantes para as mesas eleitorais, considerou.

José Luís Carneiro disse ainda que já seguiram para o estrangeiro 1,8 milhões de boletins de voto e que estão já preparados os postos consulares para, nos casos em que se justifique, poderem desdobrar mesas de voto “para facilitar e agilizar as condições de votação”.

Os emigrantes portugueses votam fora da União Europeia votam nos candidatos portugueses ao Parlamento Europeu, enquanto na UE podem optar entre eleger candidatos portugueses ou dos países onde vivem.

Composto por portugueses residentes no estrangeiro, o CCP é o órgão consultivo do Governo para as políticas relativas à emigração e às comunidades portuguesas e está organizado num órgão de cúpula, o Conselho Permanente, secções regionais e três comissões temáticas.

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