Emigração, Imigração e o futuro de Portugal

O cruzamento de dados entre a demografia e natalidade com os da emigração e imigração são reveladores do dilema coletivo que perpassa o país: Portugal é uma das nações mais envelhecidas e com menos imigrantes da Europa, e os portugueses são dos povos que mais emigram no Velho Continente.

O inverno demográfico que afeta a sociedade portuguesa, e para o qual muito tem contribuído o impacto da emigração, conjugado com o aumento da esperança média de vida e a diminuição da natalidade, é de tal ordem, que a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que Portugal seja em 2030 o terceiro país mais velho do mundo, e que o número de habitantes recue dos atuais dez para os sete milhões.

O envelhecimento, o empobrecimento e o esvaziamento são desafios estruturantes e prementes do nosso futuro coletivo. Um futuro coletivo que tem que passar forçosamente pela resolução do saldo migratório negativo que tolhe o provir do país, que enquanto não ultrapassar este impasse não conseguirá lançar verdadeiros alicerces sólidos para um desenvolvimento sustentado capaz de responder às necessidades do presente sem comprometer as gerações vindouras.

Esta realidade presente e futura de Portugal foi recentemente alvo de aprofundada análise no estudo “Migrações e Sustentabilidade Demográfica, perspectivas de evolução da sociedade e economia portuguesas”, coordenado pelo sociólogo João Peixoto, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e com a contribuição de doze autores.

As conclusões do estudo editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que tem como principal missão estudar, divulgar e debater a realidade portuguesa, são terminantes e encontram-se sintetizadas nas palavras do sociólogo João Peixoto “à medida que o tempo passa, Portugal vai precisar cada vez mais de pessoas que não tem”.

Neste sentido, urge uma estratégia ampla e integrada de desenvolvimento do país que seja capaz de atrair para o nosso território imigrantes, catalisadores do crescimento económico, e do equilibro entre despesas e receitas sociais, e simultaneamente capaz de atenuar a emigração de modo a não perdermos recursos e massa humana, que assegure o progresso e fortaleça a esperança no nosso futuro coletivo.

 

Por Daniel Bastos
Historiador português, autor de “Gérald Bloncourt – O olhar de compromisso com os filhos dos Grandes Descobridores”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *