Os novos emigrantes portugueses que fixam residência no Brasil integram-se menos com a comunidade portuguesa no país, segundo investigadores universitários.
Mundo Lusíada
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, participou em São Paulo do seminário “Os Portugueses no Brasil – Novos Desafios”, e afirmou acreditar que há espaço para a emigração para o Brasil aumentar em 2013, mas isso vai depender das autoridades e empresários brasileiros.
“O momento do Brasil é de demanda de quadros preparados, e temos isso em Portugal em qualquer área técnica. É perfeitamente normal que haja espaço [para o aumento da emigração], mas isso depende dos empresários brasileiros, das autoridades brasileiras”, disse Cesário à Lusa.
O presidente do CEPESE (Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade), Fernando de Sousa, também afirmou que o principal desafio para a integração dos trabalhadores no Brasil é “institucional”, e que é necessária a retirada de entraves e burocracias que “limitam autorizações até para quem tem contrato”.
Ainda, foi declarado no evento que os novos emigrantes portugueses que fixam residência no Brasil integram-se menos com a comunidade portuguesa no país, segundo investigadores universitários. “Os jovens migrantes não têm interesses em associações tradicionais. Não são os almoços e os jantares com grupos folclóricos que os atraem, e cabe às associações descobrirem outras formas para chamar esse público”, afirmou a historiadora brasileira Sônia Maria de Freitas.
A docente da Universidade de São Paulo (USP) realçou que, como muitos, os imigrantes acabam por ficar numa situação de trabalho ilegal enquanto aguardam que a documentação seja autorizada, e, por isso, são mais “fechados”.
Durante a conferência, foi apresentado um estudo desenvolvido com os emigrantes portugueses que fazem parte da comunidade “Nova Geração de Patrícios no Brasil”, no Facebook, é integrado por 2.566 pessoas e seus integrantes responderam à pesquisa desenvolvida por Sónia Maria de Freitas, a maioria dos quais (51%), imigrou para o Brasil para trabalho, sendo que 59% possui nível superior completo e outros 18% pós-graduação. O grupo é integrado por 2.566 pessoas, o questionário ficou disponível por uma semana e foi respondido por 163 emigrantes.
Os entrevistados afirmaram-se integrados na sociedade brasileira (75%), mas a grande maioria (84%) não teve ajuda ou orientação de entidade luso-brasileira para emigrar.
O seminário tem o objetivo de refletir sobre a nova emigração portuguesa, no âmbito das comemorações do Ano de Portugal no Brasil, e também será realizado no Rio de Janeiro e em Salvador, na Bahia.
Confira na próxima edição do Mundo Lusíada uma entrevista especial com o presidente do CEPESE (Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade), Fernando de Sousa.
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