Mundo Lusíada
Com Lusa
O vice-primeiro-ministro Paulo Portas anunciou que a Embraer “se prepara para investir mais e decisivamente em Portugal”, reforçando a sua capacidade de “fabricar e construir” e aumentando o número de postos de trabalho, encomendas e exportações. Paulo Portas discursava na cerimônia de comemoração dos 10 anos da privatização da empresa OGMA-Indústria Aeronáutica de Portugal S.A., em Alverca.
Na parte final do seu discurso, e sem mencionar pormenores, o governante disse não querer “trair nenhum segredo comercial” e adiantou que o fabricante brasileiro se prepara “para investir mais em Portugal e investir decisivamente em Portugal”.
Em Alverca estiveram ainda presentes o ministro da Defesa, Aguiar-Branco, o ministro da Segurança Social, Mota Soares, o embaixador brasileiro em Lisboa, Mário Vilalva, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, José Pinheiro, os presidentes da Embraer, Frederico Curado, e da OGMA, Rodrigo Rosa.
Portas revelou que, até final deste mês, a construtora aeronáutica brasileira deve candidatar a fundos comunitários novos investimentos em Évora, na ordem dos 150 milhões de euros, que vão ser analisados “com celeridade”. “A AICEP e o programa operacional do Alentejo, uma vez recebidas as candidaturas, têm 60 dias para fazer a análise e nós queremos que, com a maior celeridade possível, as decisões sejam tomadas” para estes projetos tenham “um impacto na economia e no emprego”, frisou.
A Embraer, disse, “está a estudar com o Governo português a apresentação de candidaturas a novos investimentos aqui na região de Évora, ligados aos “novos jatos comerciais” da empresa, “o E2 e o 175”. Estes investimentos, continuou Paulo Portas, “devem ascender a cerca de 150 milhões de euros” e “alargam a base industrial na região de Évora”, tendo “suporte em projetos de emprego bastante qualificado”.
Lembrando que a empresa, que já possui duas fábricas em Évora (uma de estruturas metálicas e outra de materiais compósitos), assim como um centro de engenharia e tecnologia, é “um gigante da aviação” mundial, o governante insistiu que as intenções de investimento da empresa vão ser analisadas com rapidez.
As duas fábricas de Évora da Embraer foram inauguradas em 2012, após um investimento de quase 180 milhões de euros, enquanto o centro de engenharia e tecnologia abriu no ano passado.
No Brasil, em março, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, recebeu o embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Ribeiro Telles, para tratar da cooperação bilateral na área de ciência, tecnologia e inovação.
Privatização
Depois dos discursos dos presidentes da Embraer, da OGMA e do embaixador do Brasil em Lisboa, Paulo Portas confessou-se “emocionado” e quis deixar “um testemunho pessoal” do processo de privatização da empresa (hoje detida pela Embraer em 65%), que conduziu quando era ministro da Defesa.
O governante contou estar “há poucas semanas” à frente daquele ministério quando lhe foi apresentada a situação de ruptura financeira da empresa e que o caminho decidido foi “assumir um modelo não apenas de restruturação, mas de privatização, em que o Estado estivesse presente, mas com parceiros internacionais para apanhar o voo da globalização”.
“A OGMA continua a ser uma referência de qualidade para gigantes da aviação que sabem avaliar o que é qualidade, continua a prestar serviços ao Estado numa área de soberania e vende os seus serviços junto de outras forças aéreas representantes de outras soberanias”, afirmou.
“Se tivesse sido o Estado a investir haveria sempre um bom motivo qualquer ligado às crises financeiras para que o Estado não conseguisse investir nesta empresa e esta empresa teria soçobrado. E seria inconcebível do ponto de vista do interesse nacional que uma capacidade instalada desde 1918, e capaz de se renovar, soçobrasse”, acrescentou.
Portas quis ainda “agradecer a confiança, mesmo em momentos de dúvida, da maioria dos trabalhadores da OGMA”. “Acho que fizemos bem e a opção certa, passaram dez anos, a OGMA mantém as suas certificações de qualidade para produzir e trabalhar para gigantes da aviação internacional, nada disso se perdeu, continua a prestar um serviço impecável à Força Aérea, nada disso se perdeu, continua a ser empresa de referência para reparar e manter equipamentos das forças aéreas europeias, africanas, latino americanas”.
Depois de agradecer expressamente a Miguel Morais Leitão, atualmente seu secretário de Estado adjunto, por ter liderado a OGMA até à privatização, o governante continuou a defender esta opção e afirmou que “os números falam por si”.
“Em 2005 o volume de negócios da empresa estava nos 117 milhões de euros, dez anos depois está perto dos 170 milhões, cresceu, há dez anos a OGMA exportava 77 milhões de euros, hoje em dia exporta o dobro, mais de 150 milhões de euros”, notou.
O vice-primeiro-ministro referiu ainda que a OGMA “representa hoje na aliança com a Embraer um dos sinais de vitalidade maior na relação entre Portugal e o Brasil” e que a opção por um “gigante brasileiro” da aviação “faz toda a diferença”.
Defesa Nacional
No mesmo dia, o governo português anunciou que reviu por completo todo o setor da Defesa Nacional, “pela primeira vez em 40 anos de democracia”. Durante as comemorações do 631º aniversário da batalha de Atoleiros, durante a crise de 1383-85, Pedro Passos Coelho acrescentou que, também no âmbito da estratégia Defesa 2020 “foram já implementadas mudanças muito importantes estruturais que traduzem medidas significativas para a redução e controle da despesa militar”.
Pedro Passos Coelho disse que, no quadro da reforma Defesa 2020, se procedeu à revisão do Conceito Estratégico de Defesa Nacional e Conceito Estratégico Militar e dos documentos orientadores que deles decorrem.