Mundo Lusíada
Com Lusa
O presidente executivo da Embraer Aviação Comercial, Paulo César Silva, disse em 22 de maio que as fábricas da empresa em Évora vão ter “uma participação muito relevante” nos novos E-Jets E2, para cujos protótipos já fabricam peças.
A participação de Évora “é realmente muito importante na aviação comercial” da Embraer e, no que respeita aos E2, que estão em fase de protótipos, “vamos ter várias partes que vão ser fabricadas em Évora, especialmente a parte da asa”, um dos componentes “mais importantes num avião”, frisou.
“Estamos a fazer o envio dessa asa para o Brasil”, para a montagem final, “e com isso Évora vai ter uma participação muito relevante no avião novo”, continuou, em declarações à agência Lusa à margem de um encontro com jornalistas nas instalações da empresa na cidade alentejana.
Questionado também pela Lusa sobre o envolvimento de Évora no novo programa de aviação comercial da empresa, o presidente da Embraer Portugal, Paulo Marchioto, precisou que, atualmente, a fábrica de Estruturas Metálicas “está a fazer peças para a asa do protótipo do avião”.
A forma de participação das unidades alentejanas na futura produção em série dos E2 “não está definida ainda”, mas a Embraer Portugal “está a trabalhar para que isso aconteça”, nomeadamente no âmbito do Portugal 2020, a cujos apoios a Embraer pretende aceder.
A Embraer promoveu nesta sexta-feira a iniciativa Paris Airshow Media Day, dirigida a jornalistas e habitual antes de cada edição do salão aeronáutico em Le Bourget, na área da capital francesa e que este ano decorre de 15 a 21 de junho.
O encontro com jornalistas decorreu, pela primeira vez, em Évora, onde a empresa tem duas fábricas (de estruturas metálicas e de materiais compósitos) e um centro de engenharia e tecnologia.
A Embraer vai ter três protótipos dos novos aviões E2 (o primeiro já começou a ser montado e deverá ficar pronto em setembro ou outubro), tendo o presidente executivo da unidade de Aviação Comercial dito que o projeto é já “um grande sucesso”.
“Lançámos o E2 há dois anos”, no salão aeronáutico Paris Airshow, e “já estamos com 250 ordens firmes [de encomendas] e mais as opções [de compra], chegando já às 550 ordens para este avião”, que “nem voou ainda”, pois, o voo inaugural está previsto para “o segundo semestre de 2016”, disse Paulo César Silva.
O interesse pelo avião, sublinhou, “é muito grande no mundo todo, não é só no Brasil”, o que dá à empresa “uma segurança bastante grande de que o E2 deverá ser um sucesso tão grande ou maior do que estão a ser os jatos atuais” E-Jets.
Os E2 vão variar entre os 80 e os 134 lugares, numa configuração de classe dupla (1.ª classe e econômica) e a sua “característica principal”, realçou, vai ser a “eficiência operacional”, porque vão “consumir menos combustível, entre 16 a 24%”.
A família de aviões E-Jets “mudaram o panorama da Embraer”, afirmou Paulo César Silva, explicando que os modelos desta aeronave permitiram à empresa “operar em todas as regiões do mundo, em todos os continentes”, com “70 clientes em 50 países”.
Questionado ainda pela Lusa sobre se a empresa sentiu algum incremento de encomendas ou de interesse de companhias aéreas devido aos recentes acidentes com aviões da Airbus (a 24 de março, nos Alpes franceses, e a 09 de maio, em Sevilha), o CEO da Embraer Aviação Comercial afastou “qualquer relação”. “O transporte aéreo como um todo é extremamente seguro”, apesar de ocorrerem “eventos” que, “as vezes, têm erros humanos”.
Privatização
Questionado pela Lusa a propósito do processo de privatização da TAP, Paulo César Silva disse que “essa questão já tem alguns anos” e que “seria muito bom para o país” ter “uma empresa aérea eficiente”. Segundo o responsável do setor da Aviação Comercial da construtora aeronáutica brasileira, a Transportadora Aérea Portuguesa (TAP) “já é bastante eficiente”, mas “ainda tem espaço para ter novos desenvolvimentos”.
Sobre os dois candidatos à compra da TAP que passaram à fase negocial, por decisão do Governo, na quinta-feira, Paulo César Silva escusou-se a comentar as propostas. Ainda assim, defendeu, “acho que os jatos da Embraer cairiam muito bem na TAP” e poderiam “ajudar a TAP a ser uma empresa ainda mais eficiente”.