Vanessa Sene | Mundo Lusíada
Em sua primeira visita ao Memorial da América Latina, durante visita a São Paulo, o Embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, elogiou o espaço cultural, e revelou em entrevista ao Mundo Lusíada que pretende ligar o Memorial à instituições portuguesas, com o objetivo de divulgar a cultura portuguesa na fundação, localizada no bairro da Barra Funda, em São Paulo.
“Espero encontrar formas de cooperação entre instituições portuguesas e o Memorial. Penso nomeadamente em trazer aqui o que é um pouco da nossa cultura, porque a cultura espanhola e a cultura portuguesa estão aqui por traz de muitas destas coisas para além das dimensões propriamente latino-americanas. Portanto vou tentar articular o Memorial à instituições portuguesas ligadas a cultura e a difusão da cultura para ver se conseguimos também trazer algo português”, disse.
Seixas da Costa falou do grande esforço do Memorial em termos culturais, na convivência entre os povos latino-americanos, e da importância da cooperação entre as dimensões culturais. “Eu como português, em particular, vindo de um país que é muito ligado àquele que é o maior país latino-americano, sinto orgulhoso e feliz por estar aqui e por ter tido a oportunidade nesta exposição de ver esta fantástica mostra de várias culturas, confesso que é muito interessante ver o Projeto Darcy Ribeiro construído na prática”.
Depois de oito meses no Brasil, e ter visitado onze Estados, tendo se deslocado cerca de quatro vezes a São Paulo, finalmente o Embaixador pôde visitar o espaço cultural que é presidido atualmente por Fernando Leça. A idéia foi de apresentar a Fundação ao Embaixador e estreitar a relação com o país ibérico. “É uma honra recebê-lo aqui, e recebê-lo depois na Casa de Portugal, já na condição de presidente em exercício do Conselho da Comunidade. Já estive com ele, em abril, na visita à Embaixada em Brasília, e tenho a melhor impressão dele, uma pessoa da maior simpatia, e ao mesmo tempo com uma bagagem intelectual respeitável”, elogiou Leça.
O Memorial
O Memorial integra os países da América Latina mas também traz um contraponto ibérico, a relação Espanha e Portugal, pelas origens históricas e afinidades culturais, segundo o presidente da fundação, Fernando Leça. “Nós atribuímos um peso ainda hoje dos países ibéricos na medida em que a origem dos povos latino-americanos está ligada umbilicalmente; aqui se fala a língua dos países ibéricos, seja o espanhol, seja o português. A colonização dos países da América Latina foi feita ou pelos espanhóis ou pelos portugueses, como no Brasil, que é o maior país da América Latina. Essas afinidades não podem ser esquecidas, tem que ser trabalhadas de uma maneira cooperativa, que resulte numa integração maior com benefícios para os dois lados”.
Além de abranger a ligação ibérica à América Latina, o Memorial tende a abordar também os países lusófonos, integrantes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Outro aspecto a ser destacado na fundação é um forte componente étnico, o negro, de origem de países também colonizados por Portugal.
Na mesma semana da visita do Embaixador, o Memorial esteve promovendo outros eventos, principalmente voltados ao público jovem. “Tivemos um conjunto de eventos integrando a programação de primavera no Memorial, que foi a oportunidade de prestigiarmos grupos de música atual, para um público mais jovem. Não é só esse público que cultivamos, mas um público seleto que queremos atender”, disse o presidente.