Mundo Lusíada
Com Lusa
O embaixador português em Brasília, Jorge Cabral, considerou que ainda há um grande desconhecimento entre portugueses e brasileiros e que há “um grande trabalho a fazer”, nomeadamente a nível econômico e cultural.
“Não podemos partir do pressuposto de que a relação é um dado adquirido, há um grande trabalho a fazer, há um grande desconhecimento recíproco”, alertou nesta quinta-feira o diplomata, que chegou há três meses a Brasília, durante uma audição pela comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.
Jorge Cabral reconheceu ter ficado impressionado ao constatar que “a maioria dos brasileiros sabe muito pouco” sobre Portugal e referiu que “ainda prevalece um certo preconceito” em relação a Portugal, que é visto como um país “que parou no tempo”.
“Há um grande esforço a fazer de parte a parte em termos de aprofundamento do conhecimento”, destacou, recordando que a língua é partilhada e constitui “um capital extraordinário”, mas os dois povos nem sempre se compreendem mutuamente.
Para contrariar esta realidade, há que apostar na formação cultural e acadêmica, nomeadamente o intercâmbio de estudantes, por um lado, mas também na vertente econômica das relações bilaterais.
O embaixador assinalou ainda o “aumento exponencial de brasileiros que requerem a nacionalidade portuguesa” – só em São Paulo, houve mais de 800 pedidos por mês no ano passado, exemplificou.
“É um fenômeno, Portugal está bastante na moda, é um país interessante, atrativo, com cultura e história”, disse, comentando que os brasileiros surgem em segundo lugar no programa dos chamados vistos ‘gold’ portugueses.
Sobre o relacionamento bilateral, o embaixador assinalou que a cimeira Portugal-Brasil, que decorreu em Brasília em novembro passado, correu bem e permitiu superar um interregno de mais de três anos destes encontros.
Questionado sobre oportunidades de investimento no Brasil para empresários portugueses, Jorge Cabral apontou os setores das novas energias, nomeadamente a área da mobilidade elétrica, bem como a construção, comunicações, telecomunicações, turismo e agricultura.
Quanto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cuja presidência o Brasil detém nos próximos dois anos, o deputado social-democrata Carlos Páscoa comentou que é o membro da comunidade lusófona “que menos se tem empenhado e contribuído”, mas o embaixador considerou que as autoridades brasileiras deram sinais de que vão envolver-se mais na organização internacional.
Ao final do ano de 2016, o novo embaixador escreveu uma mensagem direcionada aos luso-brasileiros e publicada pelo Mundo Lusíada.