Da Redação com Lusa
O embaixador de Portugal em Angola atribuiu responsabilidades na demora em fazer o agendamento para pedido de vistos a intermediários que bloqueiam as vagas, mas sublinhou que o consulado tem feito “grandes esforços” para contrariar os atrasos.
Pedro Pessoa e Costa, que parte de Angola no dia 28 de fevereiro, falava aos jornalistas após ser recebido em audiência pelo Presidente angolano, João Lourenço, de quem se despediu neste dia 21.
Questionado sobre as queixas dos angolanos relativamente ao agendamento e obtenção dos vistos para Portugal, admitiu que a procura de vistos “é muito grande e o consulado tem de processar os vistos, nomeadamente os vistos Schengen, em concertação e coordenação com o espaço Schengen”, o que implica alguma demoras.
“O consulado tem uma atividade enorme, quase equivalente a sete consulados em França, mas também trata pedidos de vistos para outros países da União Europeia e o trabalho é muito”, justificou.
Mas grande parte dos problemas, nomeadamente a nível do agendamento, adiantou, tem a ver com o fato de as vagas disponibilizadas serem utilizadas por alguns intermediários que limitam o acesso dos utentes.
Ainda assim, segundo o diplomata, “fruto do trabalho e esforço dos funcionários do consulado”, estes vistos têm vindo a ser emitidos sem grandes atrasos, nomeadamente os de saúde, de estudo e visita a familiares residentes, enquanto os vistos de turismo estão suspensos pelo espaço Schengen.
Pedro Pessoa e Costa alertou que todos os pedidos de visto que seguem a tramitação normal devem ser entregues “devidamente organizados” e com as informações e documentação necessárias, pelo que não “haverá razão para grandes atrasos” e alguns vistos têm sido até aprovados em cinco dias, se todo o processo estiver preparado de forma correta.
O diplomata assinalou que não compete à embaixada tomar ações contra os intermediários, já que estes continuarão a existir sempre que houver angolanos que a eles recorram em vez de apresentarem o seu próprio processo, apelando a que sempre que “houver custos acrescidos ou aquilo que se chama as ‘gasosas’ (subornos), digam não porque é corrupção”.
No final desta missão, Pedro Pessoa e Costa disse ter tido dois anos “de atividade intensa”, mesmo em período de pandemia, já que a relação entre Portugal e Angola toca em todas as áreas de cooperação, sublinhou, tendo passado em revista questões de defesa, justiça, educação e saúde no encontro com o Presidente.
“É uma relação que toca todos os setores e, por isso, exigente”, frisou.
“Ao fim de dois anos saio com a sensação de ter feito tudo o que devia ter feito para o reforço desta relação”, afirmou, considerando os angolanos como um povo “resiliente” e “extraordinário” que merece a aposta das empresas portuguesas.
O diplomata, que vai assumir a Embaixada de Portugal na Noruega, salientou ainda que o país africano lhe vai deixar saudades.
“Deixo Angola com muitas saudades e isso é culpa dos angolanos. Rapidamente, me senti em casa e as saudades vão ser muitas, seja dos angolanos, seja do jindungo (piri-piri), seja da paracuca (amendoim com açúcar), seja do pôr do sol, fico com saudades deste povo que tem esta capacidade de nos fazer sentir em casa”, declarou.