"Milhares de brasileiros, que porventura tenham assistido ao programa, foram atingidos (…) por linguagem exibicionista, permeada de preconceitos raciais e culturais".Da RedaçãoPortugal Digital
A Embaixada de Angola no Brasil divulgou na segunda-feira 26 de novembro, no seu Boletim online, nota em que denuncia "equívocos e vitupérios" de programa de Jô Soares, na TV Globo, contra a cultura do país."Em 18 de junho, um entrevistado do programa televisivo diário de grande audiência, “O Programa do Jô”, da TV Globo – apresentado como sendo o taxista Ruy Morais e Castro, residente no Brasil, – espraiou-se em considerações e julgamentos sobre alegados comportamentos e costumes sexuais de habitantes de uma região do Sul de Angola", diz a nota."Com a manifesta conivência do entrevistador, aparentemente apostado em estimular índices de audiência, recorrendo ao primarismo do culto ao bizarro, o entrevistado deturpou e manipulou tradições culturais e costumes locais, dando-lhes colorido anormal. Aparentemente incentivado pela objetiva cumplicidade histriônica do entrevistador, o entrevistado, sem a sustentação acadêmica ou sequer a seriedade intelectual da simples testemunha, mergulhou na ignorância, maltratando crianças, mulheres e homens angolanos", denuncia a Embaixada de Angola no Brasil.De acordo com a nota, "mais uma vez, o apelo ao exotismo, real ou imaginário, foi usado como meio de marketing, para vender jornais, programas de rádio ou de televisão de má qualidade. Desconhecendo a própria geografia do país e as suas fronteiras, ao referir, com manifesta ignorância de causa, a existência de uma fronteira com a África do Sul, o entrevistado deu evidente prova de falta de credibilidade intelectual"."Neste caso, milhares de brasileiros, que porventura tenham assistido ao programa, foram atingidos pela ignorância de um entrevistado que, em linguagem exibicionista, permeada de preconceitos raciais e culturais, interpretou, de acordo com os seus próprios padrões, hábitos e costumes locais. A responsabilidade não lhe é exclusiva. O autor do programa e a sua produção, ao convidarem o entrevistado, não usaram dos cuidados próprios e necessários a quem é responsável por programas ou veículos de mídia", critica a nota divulgada no Boletim semanal da Emabaixada angolana em Brasília.Ainda de acordo com a mesma fonte, "Angola é um país que gosta de receber bem quem o visita. As suas tradições e costumes não se escondem. Conhecê-los pode ser um bom aprendizado. Os estudos publicados por alguns etnólogos e sociólogos, angolanos ou lusófonos, como José Redinha ou Oscar Ribas, podem dar importante contribuição a quem deseje conhecer, de forma honesta, os hábitos e as culturas dos angolanos"."Quem chega a Angola identifica facilmente o português como a língua de comunicação que une o mosaico das várias línguas nacionais e dialetos regionais que se falam no país. É assim o nosso país: extenso e diversificado. Um país de paisagens diferentes, de costumes diversos. Como acontece em tantos outros países, seja na pequena Holanda ou no “continental” Brasil, nos Estados Unidos ou em Portugal. Países nos quais, independentemente da dimensão territorial, a diversidade de costumes faz parte do patrimônio cultural e enriquece a identidade nacional", lê-se na nota da Embaixada de Angola no Brasil.