Em visita aos Açores, Presidente diz que “não há razões para alarmismo”

Da Redação com Lusa

O Presidente português afirmou neste dia 27 que os dados conhecidos até agora sobre a crise sísmica na ilha de São Jorge indicam que “não há razões para alarmismo”, apelando aos cidadãos para que “acreditem nos especialistas”.

“Perante o que ouvi até agora, a palavra a dar é de tranquilidade e serenidade. Não há razões para entrar na situação de alarmismo não justificado até ao presente”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, na ilha de São Jorge, onde se deslocou hoje para se inteirar do ponto de situação da crise sísmica que se iniciou em 19 de março.

Acompanhado pelo presidente do Governo Regional dos Açores, o chefe de Estado visitou estações de acompanhamento da crise e assistiu a um briefing do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).

Na ocasião, o Presidente salientou que o fenômeno “tem sido bem explicado”, adiantando que a frequência dos sismos continua, mas “os sentidos têm sido menos”.

“A reação mais óbvia e natural é as pessoas manterem a serenidade e a tranquilidade, acreditarem nos especialistas que sabem mesmo da matéria e estão a acompanhar” a crise, salientou Marcelo Rebelo de Sousa.

No sábado à noite em Vila Viçosa Marcelo Rebelo de Sousa indicou que de “Beja apanha um avião para seguir para o Pico e, depois, de helicóptero, para São Jorge”.

Nas Velas

Também o presidente do Governo dos Açores transmitiu uma mensagem de “normalidade” aos habitantes do concelho de Velas, assegurando que serão emitidos alertas caso se verifiquem alterações na crise sísmica.

“Se acontecer qualquer alteração das circunstâncias, estaremos cá, com a vigilância máxima que estamos a assegurar, desde logo com o acompanhamento científico do CIVISA, e serão feitos os devidos alertas”, afirmou José Manuel Bolieiro.

Segundo o responsável do CIVISA, desde o início da crise no sistema fissural vulcânico das Manadas, já foram registrados mais de 14 mil sismos na ilha de São Jorge, que não provocaram danos.

Segundo Rui Marques, todos estes sismos foram de baixa magnitude, tendo cerca de 200 sido sentidos pela população.

O número de sismos registados no âmbito desta crise é mais do dobro do total de sismos registados em toda a região autónoma dos Açores, – nas 50 zonas sismogénicas que o CIVISA monitoriza – durante todo o ano 2021.

As Velas têm atualmente metade dos habitantes, depois de os restantes se terem deslocado, por precaução, para o concelho vizinho e para outras ilhas dos Açores.

“Cerca de 2.500 pessoas saíram do concelho” desde que se iniciou a crise, em 19 de março, disse à agência Lusa no sábado o presidente da Câmara Municipal das Velas.

Segundo Luís Silveira, cerca de 1.500 habitantes saíram, por via marítima e aérea, para outras ilhas dos Açores, a maioria dos quais para o Pico e Faial, mas também para a Terceira e São Miguel, onde ficam em casas de familiares e amigos.

Os restantes optaram por ir para o concelho da Calheta, considerado pelos especialistas que estão a acompanhar a crise como mais seguro.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do Governo dos Açores assegurou que “não houve nenhuma orientação oficial para qualquer êxodo” de população do concelho das Velas.

“Este êxodo é da responsabilidade única e exclusiva da decisão voluntária, pessoal e familiar”, afirmou José Manuel Bolieiro, ao salientar que a sua presença nas Velas nos últimos dias, onde está acompanhado do secretário regional que tutela a Proteção Civil regional, é a “demonstração da normalidade que é possível manter na vila de Velas”.

“As pessoas não precisavam, por orientação oficial, de sair, nem recomendamos sair. Não travamos qualquer saída porque é o exercício de liberdade e de mobilidade de qualquer pessoa”, afirmou o chefe do executivo açoriano.

Segundo disse, o que foi feito foi a deslocalização de pessoas idosas ou com mobilidade condicionada, de forma preventiva.

“Quando aos restantes residentes, a nossa comunicação é no sentido da normalidade desta vida aqui no concelho de Velas”, salientou José Manuel Bolieiro, ao avançar ainda que estão garantidos 1.366 lugares para alojamento em caso de necessidade de retirada da população.

A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.

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