Da Redação
Com Lusa
Os portugueses radicados na Venezuela estão no centro das preocupações do Governo de Lisboa, disse em Caracas o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro. “Eu tinha intenção de visitar a Venezuela, mas naturalmente quando as condições de vida social, econômica e também política se deterioraram, a urgência desse encontro, dessa presença, ganhou outro destaque, porque a presença do Governo é sempre uma demonstração de que os portugueses da Venezuela não estão esquecidos, estão no centro das nossas preocupações e de todas as estruturas do Estado português”, disse.
José Luís Carneiro falava à Agência Lusa e à Antena 1 no âmbito de uma visita de quatro dias à Venezuela, que iniciou na terça-feira, conjuntamente com o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus da Madeira, Sérgio Marques.
A visita, disse, tem como objetivo “manter os canais de comunicação em bom funcionamento, no que diz respeito nomeadamente à relação com as autoridades venezuelanas, que são absolutamente indispensáveis para garantir e promover as condições de segurança e de bem estar dos portugueses”.
Carneiro salientou também “a relação de boa cooperação” com dezenas de associações luso-venezuelanas que estão muito ativas na vida coletiva da comunidade, nomeadamente de caráter social e que desenvolvem um trabalho muito importante de identificação de casos de necessidade mas também de mobilização de recursos para apoiar essas famílias”.
O Governo quer ainda “verificar o modo como os serviços consulares estão a procurar corresponder às necessidades que são colocadas por aqueles que querem requerer documentação dos serviços consulares (…) e, por outro lado, encontrar-se com empresários, porque na Venezuela há centenas de empresas portuguesas, desde as pequenas empresas de comércio à distribuição, até grandes empresas dos setores agroalimentar e nas infraestruturas essenciais do país (transporte e comércio internacional)”, disse.
À chegada à Venezuela o secretário de Estado das Comunidades visitou as obras de expansão do Porto de La Guaira, o principal do país, que foi ampliado pela empresa Teixeira Duarte, contando com mais de 5.000 trabalhadores na construção. “Trata-se de um porto (marítimo) que está numa região que representa 10% do comércio mundial e será uma empresa portuguesa a operar a gestão e administração do Porto de La Guaira”, frisou.
Por outro lado, explicou que a grande maioria dos portugueses que se encontra na Venezuela “pretende fazer da Venezuela o seu país de futuro”. “Para muitos deles é a sua pátria, naturalmente com um sentimento hereditário muito forte a Portugal”, disse.
A visita à Venezuela serve para lhes dizer que Portugal está com eles num momento especialmente difícil do ponto de vista social e econômico, com condições graves do ponto de vista da segurança, salientou.
“A proximidade do secretário de Estado com as pessoas é uma proximidade do Governo, de Portugal, do seu primeiro-ministro, do ministro dos Negócios Estrangeiros, e é de todo o país, também do senhor Presidente da República”, explicou.
José Luís Carneiro indicou que, há cerca de três semanas recebeu a informação de que 600 pessoas se tinham inscrito na Segurança Social da Madeira, e que teve conhecimento da chegada de cerca de 190 madeirenses, ainda que muitos tenham manifestado intenção de regressar à Venezuela.
“Muitos pretendem, depois de uma relativa estabilização social, regressar de novo, porque têm aqui os seus investimentos, muito do seu patrimônio, em muitos casos têm aqui os seus filhos”, concluiu.