Da redação com Lusa
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas destacou, no sábado, nas comemorações do Dia de Portugal, em Newark, Estados Unidos, a “alma e a força” dos emigrantes.
“O que me surpreende é a alma, a força, a portugalidade que emerge, de uma certa maneira, de todas estas pessoas que estão aqui”, disse Berta Nunes, aos órgãos de comunicação social.
A celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas e a cerimônia do içar da bandeira, decorreu em frente à Câmara Municipal de Newark, na região metropolitana de Nova Iorque, com a presença de figuras proeminentes da comunidade luso-americana, que elogiaram, nas intervenções, “a boa reputação” dos portugueses, resultado de muitos anos de resiliência, coragem, determinação e empenho no trabalho.
“É de fato muito gratificante para uma secretária de Estado poder estar numa comunidade que celebra o Dia de Portugal de uma forma que em Portugal talvez não se celebre”, salientou.
Rodeada pelos representantes de diversos clubes e de grupos etnográficos portugueses, com bandeiras, fitas, emblemas e trajes tradicionais, Berta Nunes sublinhou, no seu discurso, que o encontro de gerações fez sobressair um espírito de comunidade louvável, num discurso em que esteve
A governante acrescentou que os portugueses radicados nos EUA “participam na construção do país e numa cultura de tolerância e da aceitação da diferença”.
“Ajudaram e continuam a ajudar Portugal a desenvolver-se, não só pelas remessas, não só pelo investimento que continuam a fazer (…), mas também porque trazem essa abertura cultural e essa tolerância que todos nós tanto precisamos nos dias de hoje”, destacou Berta Nunes, sobre os emigrantes portugueses.
A secretária de Estado iniciou a visita aos Estados Unidos nas cidades de Newark e Elizabeth e vai continuar a deslocação, até 11 de junho, nas comunidades luso-americanas nos estados de Rhode Island, Massachusetts, Connecticut, Nova Iorque e Florida.
Na cerimônia, o vereador da câmara de Newark e representante de East Ward, Augusto Amador, prestou homenagem, com um poema, ao povo que sempre deu provas de “determinação, resiliência e sacrifício”.
“Somos um moliceiro da Ria de Aveiro, somos a Marina de Lisboa. Somos um fado de Coimbra e a alegria minhota. Somos a serra Serrana e o silêncio de Trás os Montes. Somos açorianos de Gente Feliz Com Lágrimas, como João de Melo nos diz e somos os campinos do Ribatejo”, declamou.
Também Eliana Pintor Marin, membro da Assembleia Geral do estado de Nova Jérsia, destacou que a comunidade portuguesa “é forte” e apelou para que se mantenham tradições, língua, gastronomia e o “esforço de ser trabalhadores”.
“Nós, portugueses, somos mais conhecidos pelo nosso trabalho, por sermos honestos e sermos muito fiéis”, sublinhou ainda a congressista luso-americana, partilhando a expetativa de que a comunidade continue a crescer.
Questionada pelos jornalistas, Eliana Pintor Marin considerou que “os americanos estão a reconhecer mais e mais o que é Portugal” e “as pessoas continuam interessadas em aprender mais” sobre o país.
“É muito engraçado”, acrescentou ainda a luso-americana, que “todo o mundo sabe que Ironbound está a celebrar o Dia de Portugal”, referindo-se a uma zona de Newark conhecida pela grande comunidade portuguesa.
Comunidade
O xerife do condado de Essex, Nova Jérsia, nos Estados Unidos, o português Armando Fontoura, acredita que a Casa Branca venha a ser ocupada por pessoas de ascendência portuguesa, com a continuação do “trabalho árduo” da comunidade luso-americana.
“O nosso objetivo é obter a chave da Casa Branca e um dos nossos filhos vai obtê-la. Estou completamente, totalmente confiante de que vamos conseguir”, declarou Armando Fontoura, português emigrado para os EUA há mais de 60 anos e xerife há 20 do condado de Essex, integrado por 22 municípios.
“Vamos, porque o nosso povo é tido em alta estima e é muito respeitado”, continuou Armando Fontoura, na tarde de sábado, em celebração do Dia de Portugal frente à Câmara Municipal da cidade de Newark.
Amália
Um novo painel de azulejos na rua mais portuguesa de Newark é a homenagem da comunidade portuguesa a Amália Rodrigues para manter viva e difundir a memória da fadista.
O painel de azulejos, criado pelo artista plástico local Fernando Silva para assinalar o centenário do nascimento da Amália Rodrigues (1920–2020), foi inaugurado, no sábado, em Newark, com a presença da secretária Berta, o cônsul-geral de Portugal em Newark e representantes de grupos locais e clubes recreativos.
A responsável pela secção cultural ProVerbo do Sport Club Português, um clube recreativo também centenário de Newark, Glória Melo lembrou, em entrevista à Lusa, os tempos em que partilhou experiências na comunidade luso-americana com Amália Rodrigues.
“É muito importante, porque a Amália, no final da vida, vinha aqui muitas vezes e gostava muito da nossa comunidade”, disse Glória Melo sobre o painel de azulejos tradicionais.
O painel encontra-se numa esquina da avenida Portugal, em frente à igreja de Nossa Senhora de Fátima, numa zona de muitos restaurantes e comércio.
“Tínhamos os restaurantes onde se cantava fado e ela, quando já não cantava fado em Portugal, de vez em quando cantava aqui” continuou Glória Melo