Da Redação
Em uma cerimônia especial na Namíbia, a UNESCO reconheceu o fabrico de chocalhos – os sinos de gado típicos da região do Alentejo, em Portugal, – como Patrimônio Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente.
A decisão foi celebrada pelo comitê português ao som deste objeto tradicional, que merece distinção pelo cuidado no design e a autenticidade no fabrico por mestres artesãos.
A candidatura resultou de uma parceria entre a Agência de Promoção de Turismo do Alentejo e entidades públicas da região, que reconhecem a importância do fabrico do chocalho para a identidade local.
A arte chocalheira tem mais de dois mil anos e está em vias de extinção. Restam 13 mestres chocalheiros, nove deles com mais de 70 anos; os outros têm entre 30 e 40 anos, e nenhum tem aprendizes. Por isso mesmo, os promotores da candidatura estão desenvolvendo um plano para preservar e salvaguardar a transmissão deste conhecimento.
“Temos consciência de que a preservação da nossa identidade é extremamente importante, tanto para a nossa comunidade como para os turistas, que vêm à procura do que temos de melhor”, explica Vitor Silva, presidente da Agência de Promoção de Turismo do Alentejo.
“A arte de fazer chocalhos é um dos ícones da nossa região e traduz um pouco da experiência bucólica e tradicional que oferecemos”, finaliza.
O dossiê, liderado pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo, em colaboração com a Câmara de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas, no distrito de Évora, já em novembro tinha obtido parecer positivo da comissão internacional de especialistas da UNESCO, que considerou a candidatura como “exemplar”.
Coordenado pelo antropólogo Paulo Lima, o processo tem dimensão nacional, mas baseia-se num trabalho técnico e científico à volta da arte chocalheira da freguesia de Alcáçovas, no concelho de Viana do Alentejo, “capital” do fabrico de chocalhos no país.
O fabrico de chocalhos, refere o dossiê da candidatura, é uma atividade metalúrgica associada essencialmente à pastorícia e consiste “na produção de um idiofone em ferro forjado que é suspenso ao pescoço dos animais numa coleira”.
Em Portugal, há sete zonas onde ainda “moram” chocalheiros, muitos deles com idade avançada. O roteiro passa por três concelhos do Alentejo, Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Viana do Alentejo, assim como por Bragança, Tomar, Cartaxo e Angra do Heroísmo.
A vila de Alcáçovas (Viana do Alentejo) foi onde esta arte mais floresceu, a partir do século XVIII, originando muitos mestres chocalheiros, alguns dos quais rumaram a outros concelhos do país.
Um dos destinos mais genuínos de Portugal, o Alentejo é a maior região do país. Privilegiando um lifestyle tranquilo, conta com belas praias intocadas e cidades repletas de atrações ímpares, como castelos e monumentos históricos.
Detentor de quatro títulos da UNESCO e diversos outros prêmios e reconhecimentos internacionais no setor do turismo, o Alentejo oferece opções para todos os tipos de viajantes. A região “ganha” agora o 2º bem cultural imaterial classificado pela UNESCO, em 2014, o cante alentejano foi declarado Património Cultural Imaterial da Humanidade. Além disso, no que respeita aos bens materiais, o Alentejo tem o centro histórico de Évora e as fortificações abaluartadas de Elvas classificados como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.