Da Redação
Nesta quarta-feira, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, reuniu-se em Tóquio com empresários de grandes corporações japonesas, conhecidos como Grupo de Notáveis Brasil-Japão, e representantes do governo brasileiro.
O embaixador do Brasil no Japão, Eduardo Sabóia, destacou o papel do grupo nas relações comerciais com o governo japonês. “O grupo de notáveis vem nos ajudando a mostrar para o governo japonês as vantagens de ter um acordo comercial com o Brasil. Também temos um diálogo muito importante na área de investimentos”, destacou.
Participaram representantes das empresas Nippon Steel Corporation, Toyota Motor Corporation, IHI Corporation e Mitsui & Co., Ltd. “Eu acho que nessas conversas, certamente, o prato mais forte serão os temas comerciais, os temas de investimentos”, disse o embaixador Reinaldo José de Almeida Salgado, secretário de Negociações Bilaterais na Ásia, Pacífico e Rússia do Ministério das Relações Exteriores, antes do encontro.
Investimento no Brasil
Em setembro, a Toyota anunciou investimento de R$ 1 bilhão no Brasil, e o presidente Bolsonaro destacou a importância da política do governo de incentivo aos biocombustíveis para a iniciativa da montadora. “A Toyota do Brasil investirá R$ 1 bilhão em sua planta de Sorocaba/SP, graças ao programa de valorização dos biocombustíveis do Governo Federal, o Renovabio. – Em São Paulo serão produzidos os veículos híbrido-flex (etanol/eletricidade).”
De acordo com o Ministério das Relações exteriores, o Japão é o sexto maior investidor direto no Brasil, com estoque de US$ 20,194 bilhões (fluxo de US$ 1,124 bilhão em 2018). Na última década, os investimentos japoneses privilegiaram os setores primário (mineração) e secundário (aço/metais, máquinas/equipamentos, transporte).
Primeiro-ministro
A reunião faz parte da agenda do presidente no Japão, onde também se reuniu com o primeiro-ministro, Shinzo Abe. Após o encontro, o presidente disse que Abe manifestou apoio à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Ele falou que está favorável o Brasil entrar”, relatou Bolsonaro. “Um apoio de peso que nós temos”.
Em janeiro de 2019, o presidente Bolsonaro e o primeiro-ministro japonês mantiveram reunião bilateral no contexto do Fórum Econômico Mundial de Davos. Em junho, reuniram-se mais uma vez à margem da Cúpula do G20, em Osaka, Japão. Os temas prioritários da agenda bilateral, de acordo com o MRE, são cooperação em ciência, tecnologia e inovação, comércio e investimentos.
Desde 2014, quando o primeiro-ministro Shinzo Abe visitou o Brasil, os dois países mantêm Parceria Estratégica e Global. O Brasil tem interesse em intensificar o fluxo bilateral de comércio e, para tanto, busca maior abertura do mercado japonês, principalmente para as carnes e frutas brasileiras. Aprofundar a cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação particularmente no que diz respeito à produção brasileira de nióbio e a pesquisas sobre o grafeno – é outro tema prioritário para a pauta bilateral. O Brasil também busca receber mais investimentos japoneses, sobretudo na área de infraestrutura, bem como eventualmente iniciar negociações de um acordo de livre-comércio Mercosul-Japão e manter a coordenação em temas globais.
Príncipe Charles
No mesmo dia, o presidente Bolsonaro teve uma reunião bilateral com o príncipe Charles, da Inglaterra. “Muito educado e respeitador, conversamos sobre vários assuntos, entre eles, o desenvolvimento da nossa Amazônia”, registrou o presidente em suas redes sociais, com foto ao lado do herdeiro do trono britânico.
Comunidade brasileira
No país asiático, o presidente também teve encontro com a comunidade brasileira no Japão, além de ter sido o único líder do continente americano presente na cerimônia de entronização do novo imperador Japonês, Naruhito.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, mais de 200 mil brasileiros vivem no país que fica apenas atrás das colônias brasileiras nos Estados Unidos e no Paraguai. Por outro lado, o Brasil abriga a maior comunidades de descendentes de japoneses no exterior (cerca de dois milhões).
Durante o encontro, o presidente disse que o Brasil está mudando e que os números da economia mostram isso. Bolsonaro também afirmou que os resultados conquistados são reflexo do time de ministros e presidentes dos bancos – Caixa e Banco do Brasil – que tiveram total liberdade para montar suas equipes.
“Essa nova dinâmica é uma quebra de paradigmas na forma de governar o país. O que estamos fazendo é recuperar a confiança do Brasil junto ao mundo”, afirmou Bolsonaro.
Brasil
Durante a viagem, Bolsonaro também comemorou o placar de votação do texto da reforma da Previdência – 60 votos pela aprovação contra 19 – e agradeceu a articulação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. O governo aguarda agora o término da votação dos destaques da matéria, previsto para esta quarta-feira. “[Devemos a reforma] ao parlamento brasileiro, a conscientização da maioria que essas reformas são necessárias para que o Brasil não corra risco econômico no futuro”, disse. “A economia está reagindo a essas ações do parlamento e elas foram muito bem-vindas.”
O presidente também explicou a decisão do seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de abrir mão da indicação para a embaixada do Brasil em Washington para se dedicar à sua atuação no parlamento brasileiro. “A partir do momento que ele aceitou ser líder do partido [PSL], ele agora tem uma tremenda responsabilidade lá no Brasil […]. [Ele tem que ter] serenidade, tranquilidade, vai ter problema pela frente, é uma bancada grande, mas acho que ele tem capacidade, pela sua experiência, de bem conduzir o partido.”
Segundo Bolsonaro, a indicação de Eduardo Bolsonaro para ser embaixador do Brasil nos EUA não está descartada no futuro. “Quem sabe no futuro, pelo menos para o próximo ano não se discute esse assunto”, completou.