Da Redação
Com agencias
O primeiro-ministro defendeu nesta terça-feira que os empresários brasileiros devem entrar e investir já no mercado português para se anteciparem e ganharem posição antes da conclusão do acordo de liberalização do comércio entre União Europeia e o Mercosul.
António Costa falava no final de uma reunião com o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, no Palácio Bandeirantes, primeiro ponto do seu programa da deslocação de quatro dias que efetua ao Brasil – uma posição que repetiu depois, no Parque Ibirapuera, durante a visita à Bienal de Artes.
Perante uma das figuras mais importantes do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), que agora apoia o novo executivo de Brasília, o primeiro-ministro definiu São Paulo como “o motor” da economia brasileira e procurou sempre separar as relações entre estados da controvérsia em torno das mudanças políticas recentemente ocorridas no Brasil.
“Devemos superar todas as conjunturas. Temos o dever de aprofundar o futuro da relação entre Portugal e o Brasil”, frisou, tendo ao seu lado Geraldo Alckmin.
Já no Parque Ibirapuera, uma jornalista brasileira questionou António Costa sobre as consequências do afastamento de Dilma Rousseff da presidência brasileira na relação entre os dois países. Costa respondeu: “Nós não comentamos obviamente as questões da política interna do Brasil. As relações entre Portugal e o Brasil são relações entre Portugal e o Brasil seja qual for o Governo que esteja em Portugal ou no Brasil”, disse.
A principal mensagem do primeiro-ministro foi sobretudo de ordem econômica e destinou-se a convidar o setor empresarial de São Paulo a investir em Portugal como porta de entrada para o mercado europeu.
“Penso que podemos ir à frente do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, porque os brasileiros gozam em Portugal de total igualdade de direitos e podem instalar no país empresas que antecipem a sua empresa na Europa. Estar já na Europa quando as portas forem abertas é estar dois passos à frente de todos os outros concorrentes”, sustentou o líder do executivo português.
Já Geraldo Alckmin aproveitou para anunciar a concretização de um investimento na ordem dos 34 milhões de euros para o restauro do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, que disse ter sido “o segundo mais visitado” do país. “Queremos também uma boa parceria com o Governo de Portugal para a Escola Portuguesa de São Paulo”, acrescentou o governador do Estado de São Paulo.
“É com muito gosto que colaboraremos na recuperação desta peça extraordinária, um patrimônio hoje comum de todo o mundo que fala o português e da afirmação do português como uma língua global falada em quatro continentes”, declarou Costa.
Desde 2007, São Paulo e Portugal assinaram 9 termos de cooperação para projetos em conjunto. O último, de 2014, estabelece o estudo para a instalação da escola portuguesa em São Paulo, nos mesmos moldes de outras escolas internacionais no estado.
Após uma breve visita à Bienal de Artes de São Paulo, onde Portugal está representado pelos artistas Lourdes Castro, Carla Filipe, Gabriel Abrantes, Priscila Fernandes e Grada Kilomba, e em que esteve acompanhado pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, António Costa destacou a forte presença da cultura nacional da maior cidade brasileira.
“Esta exposição da bienal é uma das três que esta semana abrem em São Paulo com artistas portugueses contemporâneos. Além da bienal, teremos exposições no Museu Afro-Brasileiro e no Consulado de Portugal”, apontou o primeiro-ministro.
Segundo o Governo português, na sequência de um protocolo, o Museu de Serralves será o único na Europa a expor em 2017 as obras agora patentes na Bienal de São Paulo, que termina em meados de dezembro.